COMEÇA A APARECER O FIO DA MEADA DE UMA HISTÓRIA ESCABROSA
Sei o quanto me custou e tem custado apontar as heterodoxias da trinca Protógenes Queiroz, Fausto De Sanctis, Rodrigo De Grandis. O primeiro atingiu o ponto alto na carreira com a Carta Aberta a Obama. O segundo, quando afirmou que a Constituição é apenas um papel, quase repetindo o jagunço Corisco: “Mais fortes são os […]
Sei o quanto me custou e tem custado apontar as heterodoxias da trinca Protógenes Queiroz, Fausto De Sanctis, Rodrigo De Grandis. O primeiro atingiu o ponto alto na carreira com a Carta Aberta a Obama. O segundo, quando afirmou que a Constituição é apenas um papel, quase repetindo o jagunço Corisco: “Mais fortes são os poderes do povo”. E o terceiro brilhou ao sustentar que há excessivo apego, no Brasil, aos direitos e garantias individuais, o que seria uma herança da ditadura — de sorte que, agora, na democracia, deveríamos nos apegar menos a essas formalidades… Santo Deus!
Qual é o ponto? Esses três senhores, fosse esta a intenção, poderiam punir os faltosos sem dizer e sem fazer bobagens. Apontar suas transgressões rende, na rede da maledicência, a acusação de estar a serviço de, claro! Daniel Dantas. O banqueiro, no Brasil, é assim como um Jorjibúxi dos bocós, dos caipiras, dos espertalhões do subjornalismo a soldo. Pois é. Saddam não gostava de Bush. Kim Jong-Il, o norte-coreano da bomba, não gosta de Bush. Ahmadinejad não gosta de Bush. Esses três bandidos usavam a má reputação de Bush para esconder os próprios crimes.
Quantas vezes, leitor, escrevi aqui que os métodos heterodoxos de Protógenes acabariam por ser o maior trunfo de Dantas? As leis que temos e os instrumentos à disposição da Polícia Federal, da Justiça e do Ministério Público, se empregados com competência e decência, seriam e são capazes de punir os transgressores. Mas Protógenes achou que não bastavam.
Quantas vezes, leitor, escrevi aqui que Daniel Dantas, por ser quem é, era usado como escudo por outros criminosos, como se todo inimigo do banqueiro fosse gente decente, querendo só o bem da humanidade?
Quantas vezes, leitor, escrevi aqui que ex-jornalistas haviam constituído uma verdadeira quadrilha, operando em parceria com desgarrados da Polícia Federal e do Ministério Público, que acabaram se metendo em disputas de natureza comercial?
Pois é…
A Justiça Federal de São Paulo, como sabem, aceitou a denúncia contra Protógenes por quebra de sigilo funcional e fraude processual (íntegra da decisão aqui).
– A quebra de sigilo: vazou a Operação Satiagraha a jornalistas;
– a fraude processual: recorreu a uma montagem para produzir a “prova” de que Dantas tentou subornar agentes da PF. Atenção: foi com base nessa acusação que o juiz Fausto De Sanctis condenou Dantas a 10 anos de prisão. A principal “prova”, acusa o Ministério Público, o que é acatado pela Justiça, constitui “fraude processual”; foi manipulada.
Dantas tentou mesmo subornar? Pois é. Protógenes dispunha de todos os meios técnicos e legais possíveis para prová-lo. Escolheu o caminho da ilegalidade. Sim, eu escrevi aqui, podem procurar em arquivo: “Protógenes é o mais barato entre todos os advogados de Daniel Dantas”. Sim, eu escrevi aqui: “Protógenes vai absolver Daniel Dantas”. Eis aí. Numa democracia, a violação às regras do estado de direito só interessa à bandidagem. Sempre.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal revelam mais de 50 telefonemas entre Protógenes e a empresa P.H.A. Comunicação e Serviços SS Ltda. e Nexxy Capital Brasil Ltda. Uma é do blogueiro Paulo Henrique Amorim, que dispensa apresentação, e a outra pertence a Luiz Roiberto Demarco Almeida, notório inimigo de Dantas. Anota o juiz federal Ali Mazloum: “Esse inusitado fato deverá ser exaustivamente investigado, com rigor e celeridade, para apurar eventual relação de ligações com a investigação policial em questão, vez que inadmissível e impensável que grupos econômicos, de um lado e de outro, possam permear atividades do Estado”.
Eis o ponto
É INADMISSÍVEL que grupos econômicos, DE UM LADO E DE OUTRO, possam permear atividades do estado.
Documentos da Itália
Vocês viram que os tais documentos da Itália chegaram ao Brasil — e eles confirmam tudo o que Diogo Mainardi, o Oráculo de Milão, havia noticiado.
Segundo o repórter Cláudio Julio Tognoli (em itálico):
A descoberta de que os telefones de Demarco e Protógenes são íntimos, junto com os indícios de que o empresário usava também o telefone da empresa do blogueiro Paulo Henrique Amorim para sua comunicação com o delegado, associa-se a outro registro peculiar.
(…)
Os documentos que apontam para Demarco como o sujeito oculto de ações do poder público acabaram de chegar da Itália. São contundentes. Mais de 470 mil páginas produzidas pela Procuradoria de Milão. Referem-se à investigação sobre o destino dos pagamentos feitos no Brasil para expandir o mercado da Telecom Italia, sem a contrapartida esperada. Dantas era o principal adversário dos italianos. Demarco foi contratado para “serviços de inteligência” e tráfico de influência, conforme se lê no longo inquérito a respeito.
Vocês sabem o quanto a antecipação da verdade dos fatos custou ao próprio Diogo. Aos poucos, essa história escabrosa vai entrando nos eixos. Mas ainda está longe de ser inteiramente revelada. Daniel Dantas é quem é. Mas jamais foi o único Daniel Dantas do país. Talvez seja até um falso Daniel Dantas. Por uma questão de lógica, não é?, o verdadeiro Daniel Dantas não aparece. Ou não seria Daniel Dantas…
Terei sido muito sutil?
Os tontos
A essa altura, alguns idiotas devem estar procurando onde largaram a cara, usados que foram como massa de manobra do “jornalismo de serviços”. Aqueles que a Al Qaeda eletrônica acusa de estar a serviço de Dantas jamais tiveram qualquer vínculo com o banqueiro. Ao contrário até: ajudaram a evidenciar as suas pegadas no mensalão, por exemplo. Mas a Al Qaeda eletrônica, esta sim, é instrumento dos inimigos de Dantas. Presta serviços. Está nos autos. Internautas às pencas se comportaram como bobos alegres. Não foi falta de aviso. É a turma que eu vivia convidando a se mandar daqui e que, agora, parece ter-se convencido de que é o mais prudente a fazer. Os tontos se escondiam no anonimato covarde. Mas se esqueceram de que sempre deixam uma assinatura e de que o que falam pode, e vai, ter conseqüências.