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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Com excelente primeiro tempo, Brasil vence a Colômbia por 2 a 1; Seleção só tem 11 jogadores porque David Luiz vale por dois. Ou: Prefiro Thiago Silva chorando a Fred sorrindo…

A Seleção Brasileira fez contra a Colômbia, na média, a melhor partida deste Mundial, com um excelente primeiro tempo e um segundo medíocre, que beirou o constrangedor depois que sofreu um gol de pênalti — inquestionável, diga-se. A Colômbia, por sua vez, fez a sua pior partida. Melhor que tenha tido um mau desempenho justamente […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h33 - Publicado em 4 jul 2014, 21h30
David Luiz, o melhor jogador do Mundial até aqui, comemora gol contra a Colômbia no Castelão, em Fortaleza - Ivan Pacheco/VEJA.com

David Luiz, o melhor jogador do Mundial até aqui, comemora gol contra a Colômbia no Castelão, em Fortaleza – Ivan Pacheco/VEJA.com

A Seleção Brasileira fez contra a Colômbia, na média, a melhor partida deste Mundial, com um excelente primeiro tempo e um segundo medíocre, que beirou o constrangedor depois que sofreu um gol de pênalti — inquestionável, diga-se. A Colômbia, por sua vez, fez a sua pior partida. Melhor que tenha tido um mau desempenho justamente contra a Seleção. O nome do herói, é evidente, é David Luiz. Se já era considerado, até aqui, o melhor jogador da Copa, reforçou essa posição. Mesmo quando seus companheiros parecem entrar em pânico, ele surge como a imagem, a um só tempo, da raça e da serenidade. Protagonizou ainda um belíssimo momento de fair play quando, ao fim do jogo, consolou um jovem James Rodríguez. O talentoso Camisa 10 da Seleção Colombiana estava aos prantos, lamentando a desclassificação. O brasileiro trocou com ele a camisa, abraçou-o de modo fraterno e demonstrou que a vitória pode e deve ser generosa.

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É uma sorte que David Luiz valha por dois, já que o Brasil continua com um jogador a menos. Fred, mais uma vez, teve um desempenho constrangedor — elogiado apenas por Casagrande, da TV Globo. Fiz uma pesquisa global há pouco para saber se alguém mais aprova o desempenho do rapaz. Não. Só mesmo o comentarista — e, claro!, Felipão. Se alguém souber por que Fred continua em campo, favor enviar mensagens para o blog. Não é que ele esteja mal no jogo — isso pode acontecer, vez ou outra, até com os craques. Neymar, por exemplo, até sofrer uma entrada criminosa (já falo a respeito), não jogava bem. O suposto centroavante está abaixo do mau desempenho: sua atuação chega a ser patética. Ele consegue ser o protagonista de alguns dos lances mais bisonhos desta Copa mesmo sem jogar nada. Mas Felipão insiste. Manter o rapaz em campo, tirando Hulk, como fez o técnico, é uma decisão incompreensível, pela qual o treinador não será duramente cobrado, porque, afinal, o time venceu.

É verdade que Felipão tem um pé no misticismo. Lá estava ele com o seu agasalho no calor escaldante de Fortaleza. Já admitiu em entrevista tratar-se de superstição. O técnico sempre teve, todo mundo sabe, a sua própria, digamos, “psicologia”. Desperta nos jogadores o sentido de ordem unida. Vai ver Fred se transformou num de seus amuletos ou numa de suas obsessões místicas: “E seu o tiro, e a gente perde?”. É isto: Fred deve ser o TOC de Felipão. Se o treinador não o vir em campo, é como se tivesse deixado de cumprir um ritual, o que poderia acarretar grandes dissabores. Então lá vai o nosso camisa 9, desajeitado, jogando quase sempre entre sentado e deitado, entrando de cabeça no traseiro dos adversários (e não é por querer, diga-se), dando passes quase sempre para trás, quando não erra… Mas parece ter lugar cativo na equação espiritual do “professor”. Fazer o quê?

Em time que tem centroavante assim, os dois gols da Seleção foram feitos por zagueiros. Sim, eles valem, graças a Deus!, como os feitos por atacantes. Mas o dado é eloquente demais para não querer dizer alguma coisa. Num confronto de duas seleções consideradas técnicas e que jogam para a frente, o lance mais bonito da partida foi a cobrança de falta de… David Luiz, o zagueiro.

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O garoto James jogou bem, mas nem de longe repetiu a atuação de outras partidas da Colômbia. Na madrugada, verei o jogo de novo. Tive a impressão de que ele foi, sim, meio “caçado” em campo pela defesa brasileira. De todo modo, tudo dentro do aceitável no futebol.

David Luiz e Daniel Alves consolam o colombiano James Rodríguez (Foto: Ivan Pacheco/VEJA.com)
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David Luiz e Daniel Alves consolam o colombiano James Rodríguez (Foto: Ivan Pacheco/VEJA.com)

Inaceitáveis
Inaceitável, aí sim, foi a entrada do jogador Zuñiga, que atingiu com uma joelhada brutal as costas de Neymar. Até quando escrevo, não se sabe ao certo as consequências. É o tipo de lance que tem potencial para até mesmo fraturar a coluna de um atleta. Inaceitável também foi a arbitragem do espanhol Carlos Velasco, que, com sua postura relapsa em relação às faltas mais duras — inclusive de brasileiros —, estimulou, querendo ou não, o jogo violento. Não por acaso, foi a partida mais faltosa da Copa. Ainda que cada jogador tenha a sua própria consciência e faça as suas escolhas, o fato é que se trata de uma disputa entre duas coletividades. À medida que começa a valer a lei da truculência, ser truculento passa a ser também uma questão de autodefesa.

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E é neste ponto que o futebol precisa avançar — muito! Irrita-me profundamente aquela cascata futebolisticamente reacionária de que, recorrer a replay corresponderia a tirar a emoção do jogo. Uma ova! Dispensar o concurso da tecnologia só condescende com o erro e com a brutalidade; só favorece o antijogo. Se hoje se recorre a um chip para saber se a bola cruzou inteiramente ou não a linha do gol, por que os dispositivos que estão à mão não podem servir para dirimir as dúvidas sobre determinados lances e para punir ações desportivamente criminosas?

Vamos ver. O uruguaio Suárez foi enviado mais cedo para casa em razão da mordida que deu no ombro do italiano Chiellini. Não poderá atuar nos próximos nove jogos da Seleção de seu país e está banido de competições oficiais por quatro meses — não poderá nem assistir a jogos em estádios. E vai ainda pagar uma multa de US$ 110 mil.

Estou entre aqueles que acharam a punição, em si, justa. Até porque é sua terceira dentada em adversários. Muito bem! Mas pergunto: e Zuñiga? Vai ficar por isso mesmo? Que grande mal causou a mordida de Suárez? O colombiano poderia ter quebrado a coluna de Neymar. Certo, certo… Pode-se argumentar que a mordida não pertence ao repertório de possibilidades do futebol, e o contato físico sim. Ocorre que entrar com o joelho nas costas do adversário, de forma obviamente deliberada, para machucar mesmo, não é contato físico, mas ação desportivamente dolosa.

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Para encerrar, choro e gol
Para encerrar, deixem-me dizer uma coisa: esse negócio de que Thiago Silva se redimiu do choro na partida contra o Chile marcando um gol é só tagarelice meio burralda. Alguns entram em pânico de cara seca; outros inundam de lágrimas a sua coragem. É claro que a gente associa o choro a certo descontrole e se preocupa, mas não há regra para essas coisas. Júlio César chorou copiosamente depois de pegar dois pênaltis na partida anterior. Se querem saber, prefiro isso à indiferença burocrática que já vi imperar na Seleção em outras jornadas.

Deixem o Thiago Silva chorar, ora! Melhor ele chorando em campo e fazendo gols do que eu esmurrando o sofá porque o cabeçudo do Felipão mantém Fred em campo — aquele que nem chora nem faz gols.

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