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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Com certeza, tipo assim…

Em tempos de acordo ortográfico, ficamos um pouco mais atentos às coisas da Inculta & Bela. Tirei pouco mais de uma semana de férias. Nesse curto período, convivi com mais humanos do que nos outros quase 360 dias de 2008. “E achou o quê?” Huuummm… Mas e a Inculta & Bela? Pois é… O que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h22 - Publicado em 6 jan 2009, 16h17
Em tempos de acordo ortográfico, ficamos um pouco mais atentos às coisas da Inculta & Bela. Tirei pouco mais de uma semana de férias. Nesse curto período, convivi com mais humanos do que nos outros quase 360 dias de 2008. “E achou o quê?” Huuummm… Mas e a Inculta & Bela?

Pois é… O que aconteceu com o velho e tradicional “sim”? Está em processo de extinção como resposta a uma pergunta direta. O “sim”, agora, é “com certeza”.

— E aí? A praia tá boa?
— Com certeza!
— Vai um sorvete aí?
— Com certeza!

O antigo “sim” tinha lá as suas variantes de ênfase, que indicavam certa riqueza da língua, também melódica, né? Para um “sim” que quisesse indicar obviedade, coisa ululante mesmo, podia-se recorrer ao “Claro!”

— Vai ver a queima de fogos na praia?
— Claro!
E esse “claro” queria dizer que a pergunta embutia uma suposição fora das possibilidades, a saber: “Não, prefiro ficar no quarto”. O “claro!” era pronunciado com um certo alongamento da vogal tônica, indicando aquele “quê” improcedente da indagação.

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Acabou! Agora, o sim virou um anódino “com certeza”, que, corrijo-me, deve ser escrito sem exclamação. Está sujeito, no máximo, aos sotaques. Um carioca diz o seu “com certeza” com aquele “r” arrastado, introduzindo uma vogal ente o “e” e o “i” ali nos arredores da segunda sílaba. O paulistano vai com o seu “r” curtinho, língua vibrando rápida e quase distraída no palato. Os paulistas das outras cidades conseguem enfiar um “i” nas cercanias do “r”. Só o que não varia é a chatice: “Com certeza…”

Diz-me um amigo que a culpa é da jornalista Leda Nagle, quando ainda na Globo. Teria dado início ao que acabou se transformando num vício de linguagem. Não sei. Só sei que é uma das coisas mais irritantes da fala dos brasileiros, superado apenas pelo “tipo assim” — ou simplesmente “tipo”. Essa praga se espalha mais entre adolescentes, mas já saltou o muro da idade.

— Você comprou um carro sedã?
— Não! É tipo assim SUV, mas não é bem…
— Uma minivan?
— Com certeza.

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O “tipo assim” é especialmente perverso e tem de ser combatido com energia pelos professores porque não se contenta apenas em empobrecer a língua. Também é um atentado terrorista ao pensamento. O falante se dispensa de dizer com clareza o que quer. O “tipo” remete a uma versão aproximada, e a imaginação do interlocutor se encarrega do resto.

E isso me lembra uma terceira praga: as pessoas que falam fazendo aspas no ar, com a ponta dos dedos, como a nos dizer que aquelas palavras têm um outro significado — vale dizer, ele fala algo “tipo assim”, mas não exatamente, entenderam?

— Com certeza, Tio Rei!

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