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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Coleguinhas não precisam se esconder debaixo da cama; o PT sabe reconhecer um crítico útil

Decidi manter este texto no alto da página. Abaixo dele, há atualizações da madrugada. O PT elabora uma lista negra de jornalistas, publica em seu site, dando uma espécie de sinal verde para seus militantes partirem para a ação direta, e é claro que não haverá nenhuma entidade da “catchiguria” que vai reclamar. Ao contrário: […]

Por Reinaldo Azevedo 18 jun 2014, 06h53 • Atualizado em 31 jul 2020, 03h39
  • Decidi manter este texto no alto da página. Abaixo dele, há atualizações da madrugada.

    O PT elabora uma lista negra de jornalistas, publica em seu site, dando uma espécie de sinal verde para seus militantes partirem para a ação direta, e é claro que não haverá nenhuma entidade da “catchiguria” que vai reclamar. Ao contrário: se for o caso, elas vão lá e se oferecem para executar a pena. Vejam a armação de que foi vítima a jornalista Rachel Sheherazade, do SBT. Até gente que considero amiga, que não está conscientemente (ao menos) rendida à “nova ordem”, tentou ponderar comigo: “Ah, também ela exagerou…” E poucos se deram conta de que sua fala foi escandalosamente distorcida. 

    O post em que trato da lista negra do PT já abriga quase 2.300 comentários — sem contar outro tanto que não foi publicado, ou porque há exageros que só ajudam a má causa dos fascistas, ou porque, claro!, a malta resolveu entrar no blog para aplaudir a decisão. Mas estes, os petralhas, apenas fazem o seu trabalho.

    Muito mais asquerosas são aquelas pessoas que resolveram vir me dar “conselhos”: “Pô, Reinaldo, se você pegasse um pouco mais leve…” É mesmo? Será que é disso que se trata? Vocês viram a lista do sr. Cantalice? Posso entender por que o fascismo petista quer a minha cabeça e a de Augusto Nunes, ainda que não pensemos as mesmas coisas. Mas Demetrio Magnoli, por exemplo, opera em outro registro, bem distinto do meu — mais acadêmico, sem ser chato, já que escreve muito bem. Danilo Gentili comanda um talk show na TV — o programa tem sotaque jornalístico também, mas é evidente que o acento está no entretenimento — e atua como ator e humorista.

    Arnaldo Jabor, que não deve concordar comigo em quase nada, dispõe, sei lá, de um ou dois minutos no “Jornal da Globo” umas duas ou três vezes por semana, não sei ao certo. É um crítico, sim, da extrema-esquerda, mas já deve ter batido mais na “direita”. Guilherme Fiuza, um articulista de primeira, não reza segundo a cartilha petista, é claro!, mas busca menos as asperezas do PT do que eu, por exemplo — e considero isso uma virtude, não um defeito. O cantor e compositor Lobão os irrita muito especialmente porque pertence a um mundo em que assumir posições de esquerda parece tão natural como dizer que hoje é terça-feira. Diogo Mainardi, por ora ao menos, está um tanto afastado das questões, vamos dizer, mundanas — e suas intervenções sobre assuntos mais urgentes estão restritas, por absoluta escolha sua, ao programa Manhattan Connection. Marcelo Madureira discorre com muita propriedade, sim, sobre política, mas também a sua pegada principal é o humor.

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    E por que, tão distintos entre si, entraram no radar do petismo? Em primeiro lugar, é evidente, porque a crítica que fazem incomoda. E olhem que somos todos umas normalistas se tomarmos como padrão, por exemplo, a acidez da imprensa americana, tenha lá o analista o viés que for. Em segundo lugar, porque, é fato, o petismo vem domesticando e colonizando o jornalismo brasileiro. E não é de hoje. O partido percebeu que os coleguinhas podem aceitar qualquer desaforo, qualquer mesmo — inclusive tabefes de manifestantes; só não aceitam ser chamados de “direitistas”, de “conservadores”. Ah, isso não! Aí eles piram! Assim, o partido ameaça permanentemente os profissionais com um carimbo: “Se você não se comportar, ficará marcado”.

    Ora, vejo a lista negra do sr. Cantalice e fico cá a imaginar o suspiro de alívio de muita gente: “Ainda bem que não estou nela!” E, é óbvio, o passo seguinte será modular a ação para nunca entrar. E assim se vai formando uma geração e uma casta de covardes. Daí que eu não estranhe que muita gente — também na “catchiguria” — ache que, de algum modo, só estou no paredão petista porque mereci. E devem pensar o mesmo sobre os outros, ainda que façam trabalhos tão distintos entre si.

    Para mim, é uma honra estar na lista negra do PT. É possível que, inconscientemente, desde que os rejeitei, ainda na juventude, eu ambicionasse essa condição. Há suas vantagens:
    – não tenho de defender hóspedes da Papuda;
    – não tenho de defender o desvio virtuoso de dinheiro público;
    – não tenho de defender aliança com José Sarney;
    – não tenho de chamar Maluf de “Doutor Paulo”;
    – não tenho de dar dinheiro para o comitê do Luiz Moura.

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    Não tenho, em suma, de ser um militante da união da escória do passado com a do presente.

    Quanto aos “coleguinhas” que já se esconderam debaixo da cama, com medo de entrar na lista dos malditos, uma palavra de ânimo: fiquem tranquilos! Como se diz por aí, “boi preto conhece boi preto”. Os petistas sabem reconhecer quem fala mal deles tentando lhes puxar o saco e exaltando suas qualidades morais. Dou a dica aos leitores.

    Quantas vezes, meus caros, vocês já ouviram alguns e algumas valentes a dizer que o erro do PT foi, no poder, ter se comportado como os demais partidos? Infinitas vezes! Os petistas adoram ouvir esse tipo de crítica porque isso lhes dá a desculpa moral de que precisam para o mensalão, o dossiê dos aloprados, as relações especiais com Alberto Youssef, entre outras lambanças. Na sequência, eles explicam que só são obrigados a aderir a certos métodos por uma questão de realismo. E o tal crítico, claro!, concorda e escreve em seguida que, em política, ninguém presta mesmo! O PT respeita esse tipo de gente.

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    A cada vez que vejo a reação escandalizada de um analista político com o casamento entre Maluf e o PT, eu fico a me perguntar a razão do espanto. Afinal, acho que os petistas não têm nada a aprender com Maluf. Mas eles podem, sim, nunca é tarde, ajudar Maluf, que está na lista da Interpol, a ser um verdadeiro profissional.

    Texto publicado originalmente às 19h26 desta terça
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