CHAMANDO A CRIADA JULIANA NA CHINCHA
Nada é pior do que o ressentimento que nasce do complexo de inferioridade, do que a inveja que deriva da irrelevância, do que o rancor que brota da dor de quem acha que deveria estar no lugar do outro — que, intimamente, considera bem-sucedido. É o que chamo de “Síndrome da Criada Juliana”, numa referência […]
Nada é pior do que o ressentimento que nasce do complexo de inferioridade, do que a inveja que deriva da irrelevância, do que o rancor que brota da dor de quem acha que deveria estar no lugar do outro — que, intimamente, considera bem-sucedido. É o que chamo de “Síndrome da Criada Juliana”, numa referência a uma personagem do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.
A Internet, a exemplo da imprensa escrita, tem muito lixo. E em maior quantidade porque há muito mais conteúdo — que presta e que não presta. Uma dessas pobres criadas da inveja é louca por mim, coitada! É alguém falar no meu nome, e a doida despiroca — corra para o dicionário antes de babar, velhota! Ela me lê obsessivamente. Fico sabendo que existe porque, de vez em quando, alguém me manda uma coisa ou outra. Vejam o quanto escrevo: não tenho tempo para ler vagabundo. Mal tenho tempo de falar com meus amigos.
Nunca dou bola pra besta. Protejo-me desse tipo de invejoso. A criatura só quer chamar a atenção, e meu desprezo a incomoda. Abro uma exceção e escrevo este post porque uns dois ou três leitores resolveram me enviar uma questão sem nem ao menos consultar um dicionário — o que, convenham, poderiam ter feito. Mas vá lá…
Pois bem. Escrevi aqui sobre certa senhora que, quando a “chamei na chincha”, ela fugiu. A Criada Juliana da rede resolveu gritar: “Não é ‘chincha’, mas ‘cincha”. Canalha que é, não consultou o dicionário antes de expelir a sua baba. Serviria o Houaiss online. Está lá, num dos significados: “substantivo feminino – 1 Regionalismo: Sul do Brasil. m.q.cincha”. Nunca ninguém contou à criada que “m.q.”, num dicionário, quer dizer “mesmo que”.
Mas a empregadinha do próprio ódio, com um pouco mais de vergonha na cara, poderia ter recorrido à versão impressa do dicionário, que é mais robusta. Na página 701 do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, no 12º verbete da segunda coluna, lê-se: “Chamar na CHINCHA: repreender, enquadrar, castigar”. Também pode significar “fazer sexo”.
Empreguei a expressão, obviamente, no primeiro sentido que transcrevo acima, não no segundo. Nesse outro, dizer o quê? Há tempos a pobre criatura não é “chamada na chincha”, creio. Só pode ser isso. E deve sonhar comigo em seus devaneios solitários. Deve fazer muita poesia, como aquele ex-ministro… Cruz credo! Se não fosse católico e papista, eu faria figa. Como sou, rezo um “Pai Nosso”.
Desinfeta, vagabundo! E não precisa me pedir desculpas. Desculpe-se com seus três leitores. E atenção: controle o gozo, hein! Não vá morrer de tanta excitação. Acredite: a “chincha” de verdade, aquela, é bem melhor…
Lixo.