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Reinaldo Azevedo

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Cardeal católico critica sermões “insossos e cansativos”. E está certíssimo!

O cardeal Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, resolveu botar o dedo naquela que é, entendo, uma das chagas abertas da Igreja Católica, que é a minha igreja. Leiam o que informa a France Presse. Volto em seguida. * Os sermões feitos por padres católicos tornaram-se “insossos”, denunciou nesta sexta-feira o cardeal Gianfranco Ravasi, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h16 - Publicado em 4 nov 2011, 19h33

O cardeal Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, resolveu botar o dedo naquela que é, entendo, uma das chagas abertas da Igreja Católica, que é a minha igreja. Leiam o que informa a France Presse. Volto em seguida.
*
Os sermões feitos por padres católicos tornaram-se “insossos”, denunciou nesta sexta-feira o cardeal Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, pedindo a eles que não temam dizer palavras que “perturbem, questionem e causem preocupação”. O cardeal falou sobre o assunto durante um ciclo de conferências organizado em Roma pelo Instituto francês –Centro São Luís, aberto na quinta-feira na Universidade dos Jesuítas, a Gregoriana. O cardeal italiano convidou os sacerdotes a levarem em conta as novas linguagens para atrair a atenção dos fiéis, além de não temerem o “escândalo” causado pelas palavras da Bíblia.

“Devemos reencontrar esta dimensão da Palavra que ofende, que inquieta, que julga”, afirmou o prelado. É preciso notar que a Bíblia pode “preocupar e, às vezes, desconcerta” o que, segundo ele, é “indispensável”. O cardeal também convidou os padres a acompanharem a “revolução na comunicação”. “A informação transmitida pela televisão e a informática, explicou o ministro da Cultura do Vaticano, demanda ser incisivo, recorrer ao essencial, à cor, à narração”.

A comunicação pode passar também pelo Twitter, o que “obriga a transmitir alguma coisa fulgurante, essencial”, recomendou o prelado que envia ele mesmo mensagens diárias no Twitter. As críticas de Monsenhor Ravasi a homilias ‘mornas” dos padres e a vontade de encontrar uma linguagem adaptada ao mundo moderno representam uma preocupação do papa Bento 16 de revitalizar a mensagem do cristianismo, numa época de descristinização em massa.

Voltei
As palavras de Ravasi são oportunas. E estão certíssimas. Sempre é bom ir com cuidado, claro!, para não se ter a tentação de ensinar a uma instituição de mais de dois mil anos como ela deve se comportar. Mas a crítica é, obviamente, procedente.

Todo católico sabe que o ritual da missa é mais ou menos o mesmo em qualquer lugar do mundo: no ano passado, num intervalo de menos de 30 dias, assisti a celebrações quase idênticas, língua à parte, numa igrejinha onde cabiam 30 pessoas, numa vila aqui no Brasil, e na St. Patrick’s Cathedral, em Nova York. Isso espelha a existência de uma hierarquia e de um comando, que parte do Vaticano. É um dado positivo.

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A Liturgia da Palavra já compreende hoje o momento da “Homilia”, que é, vamos dizer, o espaço criativo do sacerdote — dentro, é evidente, dos princípios da fé que ele abraça. É nesse ponto que as coisas vão muito mal nos rituais católicos. Os padres, a exemplo de boa parte dos professores universitários que andam por aí — tudo, afinal de contas, é magistério! —, são, no geral, de uma triste mediocridade, com uma formação intelectual precária. A mensagem católica sofre, de um lado, o assédio dos herdeiros da Escatologia da Libertação, que quer se passar por teologia, e, de outro, dos que confundem a missa com espetáculo circense.

“Devemos reencontrar esta dimensão da Palavra que ofende, que inquieta, que julga”, afirma Ravasi. É isso! O “provoca” certamente traduz melhor o pensamento do cardeal do que o “ofende”. Os sacerdotes católicos, no geral, se contentam com a gestão quase burocrática da Palavra de Deus, ignorando que ela pode e deve ser “palavra aplicada”, a ser vivida.

Convém não confundir isso com “modernização da Igreja”. Ao contrário: eu diria que ela deve voltar a seus primórdios, com uma perspectiva realmente militante, de defesa incondicional de seus princípios, sem abrir mão, obviamente, dos meios de comunicação contemporâneos.

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