Bandoleiros primitivos
Leiam o que informa Elder Ogliari, no Estadão On Line. Há momentos em que não tenho vontade de fazer comentário nenhum. Basta só observar que essa gente, daqui a pouco, estará batendo às portas de algum ente da federação — prefeitura, estado ou União — para cobrar financiamento, semente, terra, trator, o paraíso… Os agricultores […]
Os agricultores do Assentamento Novo Pedro Osório, em Pedro Osório (RS), arrancaram nesta quarta-feira, 14, os eucaliptos que haviam plantado em parceria com a Votorantim Celulose e Papel em cerca de 100 dos 540 hectares que receberam do Incra em 1999.
Para tornar o momento simbólico, reuniram cerca de 100 pessoas, entre assentados e acampados da região, e iniciaram o dia com um ato público em que proclamaram a opção pela produção de alimentos em vez da produção de árvores exóticas para abastecimento da indústria da celulose. Depois passaram a retirar do solo árvores que tinham de poucos centímetros até dois metros de altura.
A decisão de abandonar o cultivo do que chamam de “monocultura” e “deserto verde” foi tomada em debate interno das 24 famílias assentadas e seguiu orientação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), contrário ao florestamento de eucaliptos no Rio Grande do Sul.
Os assentados também alegaram que o licenciamento ambiental dado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) ao Incra limita a plantação de eucaliptos à necessidade de madeira para o próprio assentamento e não à formação de florestas. Como o terreno é da União e destinado à reforma agrária e à agricultura familiar, não estaria disponível para a plantação de eucaliptos, entendem os agricultores assentados.
Em Pedro Osório, assim como em toda a metade sul do Rio Grande do Sul, a Votorantim incentiva os assentados da reforma agrária a plantarem eucaliptos no sistema de integração, no qual fornece as mudas e assistência técnica e se compromete a comprar a produção.
No início desta noite, a empresa emitiu uma nota lamentando que “o trabalho realizado pelas famílias de assentados nos últimos dois anos (no Assentamento Novo Pedro Osório) tenha sido destruído por uma ação extremada, que revela um forte viés ideológico, e não apresenta qualquer respaldo legal”.