Até agora, muito barulho por nada
Sim, é forçoso que eu trate de outras drogas e de outros comportamentos viciosos. Vamos lá pro Senado. Vocês já sabem de tudo o que vai abaixo, mas que se registre uma síntese para a história. Volto bem ao fim de tudo: RelatorO homem chamado Cafeteira (PTB-MA), prenome Epitácio, pediu afastamento por dez dias da […]
Relator
O homem chamado Cafeteira (PTB-MA), prenome Epitácio, pediu afastamento por dez dias da função de relator do caso Renan Calheiros. Assume em seu lugar o próprio presidente do Conselho de Ética, o senador sem voto Sibá Machado (PT-AC).
Usando o cargo
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o líder do DEM na Câmara,Onyx Lorenzoni (RS), acusam o óbvio: Renan está usando a condição de presidente do Senado para se defender. O razoável seria pedir afastamento. O que é razoável, até agora, no caso Renan?
Ameaça
“Olha aqui seu f.d.p. Mande essa mulher (Mônica) parar de falar senão amanhã vocês vão aparecer com a boca cheia de formiga”. É o relato da ameaça que Pedro Calmon Filho, advogado de Mônica Veloso, diz ter recebido, por telefone, no dia 9 passado. Ele disse ter feito um registro da ocorrência e que a Polícia identificou que a chamada foi feita de um orelhão em frente a uma padaria na área octogonal de Brasília.
Chantagem e STFDa Agência Estado:“O advogado [Pedro Calmon Filho] iniciou seu depoimento lendo uma declaração de Mônica, em que ela afirma só ter dado entrevistas sobre o caso para esclarecer sobre calúnias que lhe estavam sendo endereçadas. Por meio do advogado, a jornalista negou ter chantageado Renan por conta do caso, como fora publicado na revista IstoÉ. “Senador não reconheceu que estaria sendo chantageado”, disse. E afirmou que irá processar a revista e o autor da reportagem. A jornalista diz também que irá ao Supremo Tribunal Federal a fim de interpelar Renan sobre a acusação da revista. Ela voltou a dizer que não houve a constituição de um fundo para a educação da filha no valor de R$ 100 mil, e que não tem amizade com o lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo – “foi apresentada a ele em 2003″ -, que fazia os pagamentos mensais à jornalista referentes à pensão da criança e ao aluguel do apartamento onde morava.
Do Estadão On Line:
“Em defesa explícita do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Almeida Lima (PMDB-SE) partiu para o ataque de Pedro Calmon Filho, advogado da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha, no Conselho de Ética. Segundo Lima, a jornalista teria chantageado o presidente do Senado por meio do pai do advogado, Pedro Calmon, com o pedido de R$ 20 milhões para que o caso não chegasse ao Conselho de Ética. Ainda segundo Lima, havia um dossiê pronto para intimidar o senador. Ainda segundo Lima, a oferta teria sido feita em visita do pai de Calmon Filho à casa do senador Epitácio Cafeteira às vésperas da revista Veja ir para as bancas com denúncia contra Renan. O advogado de Mônica nega a chantagem, mas confirma a visita de seu pai à casa de Cafeteria. Segundo ele, foi um almoço que contou com a presença do senador José Sarney, entre outros políticos. Outra acusação feita por Lima era de que a pensão da filha do senador paga a Mônica era de R$ 3 mil mensais, sendo que R$ 9 mil eram pagos “por fora”. O advogado confirmou a informação e contou que o acordo extrajudicial aconteceu porque Renan não teria renda suficiente para comprovar a capacidade de pagar R$ 12 mil mensais.”
DocumentosDo Estadão:“Uma equipe de peritos da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas começou no domingo, 17, a analisar a situação fiscal das empresas que teriam comprado gado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), segundo relação que ele entregou ao Conselho de Ética do Senado. A PF advertiu, no entanto, que o trabalho pode não ficar pronto a tempo de subsidiar a reunião do Conselho de Ética que votará a abertura de processo contra Renan, marcada para terça-feira, 19, o que pode provocar um novo adiamento da votação.”
O lobista
Da Folha On Line:
“Suspeito de repassar recursos da empresa Mendes Júnior para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pagar despesas pessoais, o lobista Cláudio Gontijo admitiu hoje que emprestou seu apartamento várias vezes para o amigo parlamentar. Também disse que desde que a jornalista Mônica Veloso, que mantinha um relacionamento amoroso com o peemedebista engravidou, foi incumbido de entregar dinheiro para ela. Segundo Gontijo, nos primeiros meses de gestação de Mônica Veloso, o senador pagava R$ 8.000 à jornalista. Depois, ela reclamou que estava sendo perseguida e que precisaria de segurança. Coube ao lobista buscar o serviço de segurança, obrigando o peemedebista a desembolsar mais R$ 4.000l. “Tudo que entreguei a ela foi do senador do Renan Calheiros. Não tem um centavo meu ou da Mendes Júnior”, afirmou Gontijo. “O senador reclamava demais, quando passou de R$ 8.000 para R$ 12 mil”, disse. Gontijo afirmou ainda que Renan entregava o dinheiro na sua casa e também no escritório da empreiteira. Ele contou que fazia os depósitos na conta da jornalista, no Unibanco. Rechaçando o título de lobista, Gontijo disse ser gerente de desenvolvimento de mercado. Segundo ele, função que tem “muito orgulho” e na empresa que estima. Negando ter recebido emendas de bancada que favorecessem a Mendes Júnior, Gontijo reconheceu que foi licitada uma obra no porto de Maceió em 2000, depois contratada no ano seguinte. “Emenda individual recebi, sim, de um ou outro parlamentar de Alagoas”, disse ele. O lobista confirmou conhecer a jornalista Mônica Veloso desde o começo do relacionamento dela com Renan, antes dela engravidar. Segundo ele, foi apresentado à jornalista por Renan no apartamento em que morava –no hotel Blue Tree Park. “
Voltei
Bem, eis aí. Vale o clichê: se cercar é hospício; se cobrir, é circo. O que interessa, até agora, é que está marcada para amanhã a votação no Conselho de Ética. É óbvio que não há condições de se investigar nada até lá. O que o senador Almeida Lima pretendia fazendo a acusação da suposta chantagem de R$ 20 milhões? Resolver o problema? É óbvio que, então, o caso só se tornou ainda mais escabroso, não é?
Renan “tinha” dinheiro para pagar Mônica Veloso? Ah, eu não duvido que tivesse. Para certos políticos brasileiros, isso é troco de pinga. A questão é saber se esse dinheiro, em particular, era dele. A analise de seus extratos bancários, confrontados com as datas em que Mônica recebia, demonstra que a história não fecha. A sua alegada fonte de renda, as suas vaquinhas, com a devida vênia, já foi desmoralizada.
O que se viu até agora no Conselho de Ética acrescenta um tanto de sordidez à coisa, mas não muda o essencial. Não se dispõem dos elementos necessários para se votar coisa nenhuma amanhã. Se a votação for mantida e se o relatório de Cafeteira, agora defendido por Sibá Machado (Santo Deus!), for aprovado, o Senado estará acabado.