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Reinaldo Azevedo

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As penhas de Minas na obra de Cláudio Manuel da Costa: uma abordagem

Vocês já devem ter ouvido falar de Cláudio Manuel da Costa, não? Um dos poetas do Arcadismo brasileiro, metido lá com a Inconfidência. Espero que colégios e cursinhos nao tenham banido o assunto. Era um bom sonetista camoniano — vale dizer: conseguia reproduz sonetos do poeta português, com igual conteúdo, com os mesmos dilemas, mas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h24 - Publicado em 5 jun 2008, 18h35
Vocês já devem ter ouvido falar de Cláudio Manuel da Costa, não? Um dos poetas do Arcadismo brasileiro, metido lá com a Inconfidência. Espero que colégios e cursinhos nao tenham banido o assunto. Era um bom sonetista camoniano — vale dizer: conseguia reproduz sonetos do poeta português, com igual conteúdo, com os mesmos dilemas, mas substituindo as palavras e dando-lhes alguma cor e geografia locais.

Acho que a palavra que ele mais emprega em sua obra é “penha/penhas” — ou seja: “pedra”. Ele emprega também a variante “penhascos”. Refere-se às montanhas das Minas Gerais, que ora aparecem com o dom da proteção, ora como depositárias de mistérios. Gosto de um em particular, o 98:

XCVIII

Destes penhascos fez a natureza

O berço, em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
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Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigre por empresa

Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,

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A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
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Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.
É um Camões um pouco mais complicado. A genialidade daquele estava também na simplicidade, a exemplo de Shakespeare. Mas isso não importa agora, infelizmente. As penhas de Minas parecem tornar muito particular também a política de Minas.
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O PSDB e o PT de Belo Horizonte fizeram o tal acordo. O PT rejeitou e impôs uma condição: se os tucanos quiserem apoiar a aliança PSB-PT, vai ter de ser na surdina. Ocorre que os ditos “socialistas” do empresário Márcio Lacerda preferem, então, a aliança formal com o PSDB. E agora é o governador Aécio Neves quem diz aceitar, se for o caso, o apoio informal dos petistas.

O arranjo que se faz ali, entre as penhas de Minas, sempre pretendeu ser uma espécie de exemplo para o Brasil, evidenciando o que seria a política da tolerância — e é favor não confundir com “casa de tolerância”. Mas, por exemplar, se a união não pode nem mesmo sair à luz do dia ou freqüentar a missa de domingo, há algo de esquisito nesse casamento.

Minas é um celeiro de poetas. E os mineiros têm mais é que se orgulhar disso.

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