As penhas de Minas na obra de Cláudio Manuel da Costa: uma abordagem
Vocês já devem ter ouvido falar de Cláudio Manuel da Costa, não? Um dos poetas do Arcadismo brasileiro, metido lá com a Inconfidência. Espero que colégios e cursinhos nao tenham banido o assunto. Era um bom sonetista camoniano — vale dizer: conseguia reproduz sonetos do poeta português, com igual conteúdo, com os mesmos dilemas, mas […]
Acho que a palavra que ele mais emprega em sua obra é “penha/penhas” — ou seja: “pedra”. Ele emprega também a variante “penhascos”. Refere-se às montanhas das Minas Gerais, que ora aparecem com o dom da proteção, ora como depositárias de mistérios. Gosto de um em particular, o 98:
XCVIII
Destes penhascos fez a natureza
Amor, que vence os tigre por empresa
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
O PSDB e o PT de Belo Horizonte fizeram o tal acordo. O PT rejeitou e impôs uma condição: se os tucanos quiserem apoiar a aliança PSB-PT, vai ter de ser na surdina. Ocorre que os ditos “socialistas” do empresário Márcio Lacerda preferem, então, a aliança formal com o PSDB. E agora é o governador Aécio Neves quem diz aceitar, se for o caso, o apoio informal dos petistas.
O arranjo que se faz ali, entre as penhas de Minas, sempre pretendeu ser uma espécie de exemplo para o Brasil, evidenciando o que seria a política da tolerância — e é favor não confundir com “casa de tolerância”. Mas, por exemplar, se a união não pode nem mesmo sair à luz do dia ou freqüentar a missa de domingo, há algo de esquisito nesse casamento.
Minas é um celeiro de poetas. E os mineiros têm mais é que se orgulhar disso.