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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

As forças espirituais de Lupi e a sua “apologia”

Por Rodrigo Vargas, na Folha On Line. Volto depois:Em Dourados (MS) para inaugurar uma central do programa Primeiro Emprego, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) se declarou, nesta terça-feira, imune às denúncias de corrupção que envolvem seu ministério e a Força Sindical. “A mídia tentou me escolher para Cristo, mas meu santo é forte, é mais […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 20h41 - Publicado em 28 Maio 2008, 00h16

Por Rodrigo Vargas, na Folha On Line. Volto depois:
Em Dourados (MS) para inaugurar uma central do programa Primeiro Emprego, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) se declarou, nesta terça-feira, imune às denúncias de corrupção que envolvem seu ministério e a Força Sindical. “A mídia tentou me escolher para Cristo, mas meu santo é forte, é mais difícil me derrubar. Eu sou um homem que acredita muito nas forças espirituais”, disse.
Questionado por jornalistas se a comprovação de um eventual esquema afetaria a imagem de seu partido, o PDT, Lupi seguiu na mesma linha. “Isso não atinge o partido. Você acha que a igreja é atingida pelo fato de alguns padres não cumprirem os ritos da igreja e exagerarem em algumas práticas não comuns? A igreja continua.”
Para Lupi, as denúncias de aparelhamento do ministério pela central sindical são “ultrapassadas”. “Já esclarecemos o que havia para esclarecer. O que ainda existe é esta questão do Paulinho com o BNDES. O Paulinho se afirma inocente e a PF continua investigando. Para mim, vale a máxima de que todo mundo é inocente até prova em contrário.”

ComentoComo vocês viram, se a lógica faz algum sentido, Luppi comparou Paulinho a um padre que não cumpriu os ritos. Antes de Lula, isso é o que a língua chamaria de “analogia” (ver nota abaixo). Depois do Apedeuta, diria que Lula fez uma “apologia”.

Leiam trecho de reportagem da VEJA da semana passada:

Por Diego Escosteguy:
A promiscuidade do sindicalismo com o poder, empresários, dinheiro e mordomias está na gênese da Força Sindical, criada em 1991, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello reuniu um grupo de empresários para financiar o modelo de representação dos trabalhadores que ele considerava ideal. O resultado não poderia ser outro: a central, que hoje agrega quase 1 000 sindicatos, um partido político, o PDT, e controla de cima a baixo um dos ministérios mais importantes do governo, o do Trabalho, está no epicentro de um escândalo que envolve a participação direta de seus líderes em casos de corrupção, desvio de dinheiro público, tráfico de influência e enriquecimento ilícito.

As investigações da Operação Santa Tereza, que desmontou recentemente um esquema de fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), conduziram a Polícia Federal às portas do cofre clandestino da Força Sindical e do PDT. Duas das principais lideranças da central, o lobista João Pedro de Moura e o advogado Ricardo Tosto, foram presas pela PF, acusadas de cobrar propina para liberar empréstimos no banco estatal (o segundo foi solto, por força de um habeas corpus). O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força e filiado ao PDT, pode ter recebido parte do butim, como mostram grampos telefônicos autorizados pela Justiça (veja a transcrição de um deles abaixo). Suspeitíssimo, ele agora luta para salvar o mandato. Já está claro que, hoje, Força e PDT são duas organizações siamesas também no plano financeiro. O próximo passo é revelar como essa perigosa simbiose tomou conta do Ministério do Trabalho, pasta fatiada entre políticos pedetistas e sindicalistas da Força, sob o controle do mesmo grupo acusado de rapinar uma linha de crédito do BNDES (veja reportagem)

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O PDT, a Força Sindical e o Ministério do Trabalho se converteram numa central única de interesses. O partido, comandado pelos sindicalistas, assumiu o controle do ministério há pouco mais de um ano. Pelas mãos de Paulinho, Carlos Lupi, então presidente do PDT e funcionário fantasma da Câmara, foi feito ministro. Durante três meses, ele travou uma guerra com a Comissão de Ética Pública da Presidência, que via conflito de interesses no fato de ele ocupar os dois cargos. O ministro acabou se licenciando do PDT, mas por mera formalidade. Os principais cargos da pasta foram entregues a sindicalistas da Força e a representantes do partido, sempre com o aval de Paulinho. Dono de um orçamento de 38 bilhões de reais, o ministério se transformou num paraíso para quem se habilita a fazer negócios escusos, buscar dinheiro fácil ou se credenciar a algum benefício. É nesse território pantanoso que se movimentam as famosas organizações não-governamentais, políticos, empresários e lobistas – e que Paulinho reina em busca de resultados. Um de seus projetos, além da candidatura a prefeito de São Paulo, é conseguir eleger quinze deputados federais – todos sindicalistas – em 2010. As campanhas seriam financiadas por recursos repassados por meio de convênios para treinamento de trabalhadores, um duto de fraudes que existe desde o governo passado, agora sob controle de Paulinho e uma gangue sindical. Uma pista: o ministério liberou 11,9 milhões de reais para sete entidades ligadas a parlamentares do PDT ou sindicalistas da Força – algumas já investigadas pela polícia e por procuradores por causa de desvios.

Para coroar a tomada da Pasta do Trabalho, o jornalista Luiz Fernando Emediato, consultor da Força Sindical, foi eleito presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o Codefat. É ali que se define o destino da dinheirama do FAT. Somente no ano passado, os conselheiros decidiram como investir 9,5 bilhões de reais – em programas de qualificação profissional ou em linhas de crédito, como as oferecidas pelo BNDES e que estão sob investigação da PF. Amigo de Paulinho, Emediato é consultor da Força desde 1991. Em suas palavras, presta “serviços intelectuais”. Foi com esse tipo de atividade cerebral que ele conheceu o lobista João Pedro de Moura, no fim dos anos 90. Emediato recrutou-o para os quadros da Força, onde o lobista passou a coordenar os cursos de qualificação profissional da central. Foi imediata a empatia entre ambos. A tal ponto que, tempos depois, Emediato vendeu a Moura sua casa de campo, hoje avaliada em 700?000 reais – mas, num gesto que só uma grande amizade explica, os dois nem chegaram a registrar a transação em cartório. “Ele me deu 40.000 reais de entrada e um apartamento em São Paulo”, diz o presidente do Codefat. Amigos, amigos, negócios incluídos: Emediato indicou Moura para integrar um grupo de trabalho que iria reformular as políticas de investimento do FAT.

Pela lei, o presidente do Conselho deve se comportar como guardião do cofre do FAT. Ou seja, sua função é zelar para que o dinheiro dos trabalhadores seja investido corretamente. “Como presidente do Codefat, não posso defender os interesses da Força”, admite o consultor. VEJA teve acesso a e-mails trocados por Emediato com funcionários do ministério e assessores da Força que revelam um comportamento exatamente oposto. Essas correspondências mostram que, à frente do Codefat, Emediato se comporta como tarefeiro da Força Sindical, valendo-se da posição para proteger e beneficiar a central. Em fevereiro, a Força foi notificada pelo Tribunal de Contas da União a devolver cerca de 59 milhões de reais, dinheiro do FAT que deveria ter sido investido na qualificação de trabalhadores – mas que sumiu nas contas do IPEC, um instituto ligado à central e comandado pelo lobista João Moura. Ao saber da decisão, Emediato, em vez de se portar como presidente do Codefat, agiu como dirigente da Força: pediu à advogada Sandra Lage, funcionária do ministério, que ajudasse na defesa da central.
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