Vocês encontram no
Estadão de hoje (
clique aqui para ler) uma reportagem mostrando o engajamento do escritor paraibano — pernambucano só por adoção — Ariano Suassuna à candidatura de Lula. É uma das notas mais tristes desta campanha. Ele é um grande escritor e um grande dramaturgo. O
Romance d’A Pedra do Reino, pouquíssimo lido, relançado não faz tempo, é a melhor prosa articulando idéias que se fez no Brasil. Já escrevi a respeito da obra, texto que foi parar num livro, e Ariano me ligou, comovido, com uma conversa agradável e inteligente. Tenho grande admiração por ele, embora discorde de boa parte de suas idéias sobre cultura. Até havia outro dia, era ignorado pela “vã-guarda” acadêmico-petista. Agora deve ser alçado à condição de gênio. É um homem de grandes guinadas: antes protestante, converteu-se ao catolicismo; seu pai, inimigo das forças que fizeram a Revolução de 30, foi morto como represália ao assassinato de João Pessoa, o que fez de Ariano um inimigo do getulismo, que depois ele absolveu. Diz agora que Lula está sendo “perseguido” como Getúlio o foi. As opiniões políticas de Ariano não contaminam a sua obra. Mas não deixa de ser doloroso vê-lo em tão más companhias.