Amores Expressos: O cinismo com mão de veludo da intelligentsia brasileira
Vocês já devem ter ouvido falar de um projeto chamado “Amores Expressos”. Na Veja desta semana, Jerônimo Teixeira escreve um texto exemplar a respeito, de que segue um trecho: “Na semana passada, o anúncio de um projeto chamado Amores Expressos causou rebuliço nos meios literários brasileiros. Os blogues de escritores não falaram de outro tema: […]
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No ensaio que escrevi sobre Mário Faustino, que está em Avesso do Avesso, afirmo que a literatura brasileira, em particular a poesia, se dividia em partidos políticos. Bons tempos aqueles em que os concretistas acusavam os poetas-em-prosa de ignorar a base material do verso. Bons tempos aqueles em que os poetas-em-prosa acusavam os concretistas de produzir explicações para seus trocadilhos superiores a seus não-versos. Uau! Ainda era uma polêmica, vejam só!, literária. A reportagem sobre “Amores Expressos” deveria estar no caderno de economia ou de polícia. Ou se noticia a coisa junto, sei lá, com as linhas de financiamento que o BNDES vai abrir para os usineiros ou nas páginas destinadas a estelionatos e golpes na praça. (…)
Ah, não. Os jornalistas não estão fora dessa, não. Alguns vagabundos deram agora para defender o que chamam de ”jornalismo público” — mas não estatal, eles advertem. Consiste, do mesmo modo, em enfiar a mão no bolso da sociedade para, por exemplo, criar TVs que ficarão fora de qualquer controle, seja o do Estado (gerenciado, afinal, por um governo eleito), seja o do público propriamente dito, que diz se gosta ou desgosta do que lhe é apresentado sintonizando ou não o canal. Os “coleguinhas” querem algo menos comercial, na suposição de que “esses brasileiros”, deixados à própria sorte, só vêem bobagem.
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Os bacanas brasileiros resistem bravamente a uma evidência que chega a ser escandalosa: o mercado educa e civiliza muito mais do que qualquer intervenção estatal. Financiar cultura, universidade ou jornalismo com dinheiro público, seja por meio de verba do orçamento, seja por meio da renúncia fiscal, é só uma forma de assaltar os brasileiros. Em nome dos oprimidos, da arte e do saber, é claro.
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