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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Amores Expressos: O cinismo com mão de veludo da intelligentsia brasileira

Vocês já devem ter ouvido falar de um projeto chamado “Amores Expressos”. Na Veja desta semana, Jerônimo Teixeira escreve um texto exemplar a respeito, de que segue um trecho: “Na semana passada, o anúncio de um projeto chamado Amores Expressos causou rebuliço nos meios literários brasileiros. Os blogues de escritores não falaram de outro tema: […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 jun 2024, 07h40 - Publicado em 24 mar 2007, 17h34
Vocês já devem ter ouvido falar de um projeto chamado “Amores Expressos”. Na Veja desta semana, Jerônimo Teixeira escreve um texto exemplar a respeito, de que segue um trecho: “Na semana passada, o anúncio de um projeto chamado Amores Expressos causou rebuliço nos meios literários brasileiros. Os blogues de escritores não falaram de outro tema: dezesseis autores brasileiros vão viajar cada um para uma cidade diferente do mundo, de Nova York a Xangai, em busca de inspiração para – vejam que coisa mais singela – uma história de amor. Os dezesseis romances resultantes serão publicados pela Companhia das Letras. O produtor Rodrigo Teixeira, criador do projeto, espera que os livros se prestem a adaptações cinematográficas. Cada autor, além do passeio com estadia de um mês e uma ajudinha de custo média de 100 euros por dia, receberá 10.000 reais pelos direitos audiovisuais de seus livros. A grita contra a iniciativa centrou-se em dois pontos: o critério de seleção dos autores e a notícia de que o projeto contaria com aporte de dinheiro público, via Lei Rouanet. Incapazes de produzir uma polêmica propriamente literária, os escritores brasileiros agora brigam por passagens aéreas. Pagas por você, contribuinte.”
(…)
No ensaio que escrevi sobre Mário Faustino, que está em Avesso do Avesso, afirmo que a literatura brasileira, em particular a poesia, se dividia em partidos políticos. Bons tempos aqueles em que os concretistas acusavam os poetas-em-prosa de ignorar a base material do verso. Bons tempos aqueles em que os poetas-em-prosa acusavam os concretistas de produzir explicações para seus trocadilhos superiores a seus não-versos. Uau! Ainda era uma polêmica, vejam só!, literária. A reportagem sobre “Amores Expressos” deveria estar no caderno de economia ou de polícia. Ou se noticia a coisa junto, sei lá, com as linhas de financiamento que o BNDES vai abrir para os usineiros ou nas páginas destinadas a estelionatos e golpes na praça. (…)
Ah, não. Os jornalistas não estão fora dessa, não. Alguns vagabundos deram agora para defender o que chamam de ”jornalismo público” — mas não estatal, eles advertem. Consiste, do mesmo modo, em enfiar a mão no bolso da sociedade para, por exemplo, criar TVs que ficarão fora de qualquer controle, seja o do Estado (gerenciado, afinal, por um governo eleito), seja o do público propriamente dito, que diz se gosta ou desgosta do que lhe é apresentado sintonizando ou não o canal. Os “coleguinhas” querem algo menos comercial, na suposição de que “esses brasileiros”, deixados à própria sorte, só vêem bobagem.
(…)
Os bacanas brasileiros resistem bravamente a uma evidência que chega a ser escandalosa: o mercado educa e civiliza muito mais do que qualquer intervenção estatal. Financiar cultura, universidade ou jornalismo com dinheiro público, seja por meio de verba do orçamento, seja por meio da renúncia fiscal, é só uma forma de assaltar os brasileiros. Em nome dos oprimidos, da arte e do saber, é claro.
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