Ainda sobre Lewandowski: Ninguém pode se dizer pressionado a fazer o que é próprio de seu trabalho. Ou: Vou começar a reclamar de “ser obrigado” a escrever para ganhar a vida…
Ai, gente! Estou sendo pressionado!!! Um Lewandowski habita em mim!!! Tenho um contrato que prevê que eu escreva textos diários. Mas escrever o quê? Isso é comigo! Sou livre para decidir! Mas me sinto tão pressionado mesmo assim!!! O ideal seria ter a grana garantida, mas poder, quando me desse na telha, dar uns bordejos […]
Ai, gente! Estou sendo pressionado!!! Um Lewandowski habita em mim!!! Tenho um contrato que prevê que eu escreva textos diários. Mas escrever o quê? Isso é comigo! Sou livre para decidir! Mas me sinto tão pressionado mesmo assim!!!
O ideal seria ter a grana garantida, mas poder, quando me desse na telha, dar uns bordejos por aí, entenderam? “Ah, hoje não estou com vontade! Vou tomar um vinho à tarde com os amigos para combater esse frio desagradável”. E amanhã? Ah, amanhã é dia de exercitar meu tédio elegante, questionar se a existência precede a essência ou o contrário… E depois de amanhã? Talvez eu escreva uma coisinha depois de amanhã…
Sem essa! Ninguém pode reclamar de estar sendo pressionado a fazer aquilo que é pago para fazer e que está acordado num contrato. Não se está tentando impor a Lewandowski o conteúdo da revisão do processo ou do voto. O que se está pedindo é que cumpra a sua obrigação.
“Ah, mas eu posso fazer isso quando me der na telha…” A rigor, pode, mas não deve! Lembrarei ao ministro, católico como eu, a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa nenhuma”. Ele pode entregar a revisão quando quiser, mas convém que cumpra o pacto estabelecido com a sociedade. Foi indicado ministro por Lula, mas foi aprovado pelo conjunto dos brasileiros por intermédio do Senado Federal.
Pressão ilegítima é recorrer a métodos escusos, fora do que foi estabelecido nas leis, para tentar obrigar alguém a alguma; é chantagear ministros do Supremo ou sobrepor afinidades eletivas a seus deveres constitucionais.