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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Ainda sobre a doutrinação das escolas e corrente de comentários

Há uma verdadeira corrente de comentários de pessoas se dizendo alunas do Colégio São Bento — noto que fui professor. De texto. Sei identificar a redação de um estudante, ainda que ele seja muito capaz — e indignadas com os posts que publiquei aqui sobre aquela apostila energúmena de geografia. Exageram no tom. Falam em […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h08 - Publicado em 30 nov 2007, 05h41
Há uma verdadeira corrente de comentários de pessoas se dizendo alunas do Colégio São Bento — noto que fui professor. De texto. Sei identificar a redação de um estudante, ainda que ele seja muito capaz — e indignadas com os posts que publiquei aqui sobre aquela apostila energúmena de geografia. Exageram no tom. Falam em linchamento do professor — cujo nome, observo, nem publiquei. E cortei os comentários que o identificavam. Até porque não estou interessado em pessoas, mas em procedimentos. A escola sabe o que é ministrado a seus alunos? Espero que sim. Conhecia a apostila? Conhecia e permitiu que fosse usada, inclusive com uma referência estúpida à Bíblia — numa escola católica? Então é ela a responsável.

O núcleo da defesa é este: a apostila estava ali para estimular o pensamento crítico. Não quer dizer que o professor a endossasse. Desculpem ser tão peremptório: isso é truque. Quando recorre ao aporte teórico, o texto repete os fundamentos dos quadrinhos. Não me venham com conversa mole. Se o livro Capitalismo para Principiantes serve para alguma coisa, é como peça de humor. Talvez se pudesse dizer algo assim: “Vejam só as bobagens que os comunistas pensam sobre o capitalismo”. Aí, sim. Era esse o espírito da coisa? Não era. Ademais, alunos da sétima série, creio, não têm de ser expostos a esse tipo de, como direi?, economia política. Tudo o que vai ali é só ideologia. Não há nem mesmo informações referenciais. Se for o caso, melhor mandar decorar os afluentes da margem esquerda do Amazonas ou perguntar na prova qual é a altura do Pico da Neblina — para ler com a tecla SAP ligada.

O São Bento fique tranqüilo. Não é a primeira escola a ser vítima desse tipo de coisa. Nem será a última. Sei que se lida com uma mão-de-obra difícil, que já sai deformada da universidade. As escolas mais estruturadas, creio, têm de começar a investir firmemente na formação de quadros, especialmente na área de ciências humanas e língua portuguesa, as mais afeitas à mistificação ideológica.

Escrevi ontem, vocês se lembram, sobre o petismo como uma doença do espírito. O quadro, em breve, será ainda mais desolador. As tais bolsas do ProUni lulista estão sendo concedidas, na esmagadora maioria dos casos, em cursos que formam professores. Quase sempre, não são faculdades, mas bibocas. Têm o governo com que sempre sonharam: as vagas ociosas estão sendo preenchidas com alunos sustentados pelo dinheiro público em cursos de baixa especialização. Num artigo ontem na Folha, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) cantava as glórias desse modelo. O provão, na forma como é feito hoje, não testa nada. As escolas nem se obrigam mais a melhorar o seu desempenho. Em breve, começarão a vomitar no mercado professores com uma formação sofrível, para escolas igualmente sofríveis, realimentando o ciclo do desastre no ensino brasileiro — aquele mesmo que saiu humilhado do levantamento feito pela OCDE (ver post de ontem a respeito).

Não adianta tapar o sol com a peneira. O problema existe. E é dramático. Na escola pública, a resposta cabe aos governos. Duvido que seja dada, já que as injunções políticas impedem que se faça a coisa certa. Que as escolas particulares, então, mais livres para selecionar a mão-de-obra, façam a… seleção! E, é claro, cabe aos pais a tarefa da vigilância. Sim, não há mal nenhum em considerar, também, que estão comprando um serviço. E ele tem de ser bom. Ninguém manda o filho para a escola para ele ser doutrinado por um partido político.

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