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Reinaldo Azevedo

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Ainda religião – “Masoquismo católico”, São Francisco, aborto e camisinha

Diverso o mundo, não é? Fernando de Barros e Silva, na Folha de hoje, diz não ter simpatia pela luta do bispo grevista da fome. Como vocês sabem, nem eu. Pra começo de conversa, suicídio é pecado, e lugar de padre não é discutindo traçado de rio ou invadindo terra. Os motivos de Barros e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h02 - Publicado em 21 dez 2007, 07h09
Diverso o mundo, não é? Fernando de Barros e Silva, na Folha de hoje, diz não ter simpatia pela luta do bispo grevista da fome. Como vocês sabem, nem eu. Pra começo de conversa, suicídio é pecado, e lugar de padre não é discutindo traçado de rio ou invadindo terra. Os motivos de Barros e Silva devem ser outros. Discordamos na concordância. Ele pega leve com a turma que enterra celular na curva do rio. Diz compreender os motivos etc e tal. Eu não compreendo, embora ache essa transposição uma trapaça lógica bilionária. Ele não deve querer se indispor com o pessoal que, mesmo equivocado, demonstra disposição de luta. Entendo. Letícia Sabatella enternece certas áreas da minha percepção de mundo também.

O que estranhei um tanto foi a afirmação do articulista de que o “masoquismo” é um dos traços definidores do catolicismo. Talvez tenha em mente a figura do próprio Cristo, sei lá, hipótese em que o Nazareno teria haurido algum prazer do sofrimento que lhe foi imposto. Ou talvez se refira às penitências e sacrifícios que alguns cristãos se impõem, boa parte das manifestações, é bom lembrar, desautorizada pela Igreja Católica.

Segundo Barros e Silva, o “maniqueísmo católico não costuma ser amigo do pensamento”. Não fica claro se está se referindo a todos os católicos ou só aos maniqueístas. Ou o maniqueísmo é característica exclusiva do catolicismo? Dou-lhe o benefício da segunda hipótese, para que não sejamos obrigados a supor que ele exclui do mundo do pensamento todos os neoplatônicos, Santo Agostinho ou Santo Tomás de Aquino, o que nem o ateísmo mais militante ousou. Ele também diz que a Igreja Católica é responsável pelo “lobby obscurantista em relação ao aborto, além de sustentar posição criminosa ao proibir o uso da camisinha.”

A China comunista, por exemplo, tem um “lobby” absolutamente” iluminista” sobre o aborto. Serve? Ele não deve acreditar na vida a partir da concepção. É um direito seu. Mas a Igreja não vota, e a democracia está aí para que se tente mudar a lei. Não acredito que ele defenda que os católicos sejam amordaçados. Protestar, ao menos, eles podem. Ou não?

Quanto à camisinha, bem, dizer o quê? Posição criminosa por quê? A questão tem dois tempos, certo? Se o sujeito decide fazer sexo contra a orientação da Igreja, não pode alegar que deixou de encapar o dito-cujo por ordem da Santa Madre. Ou ele desrespeita o primeiro preceito, mas segue o segundo? É uma questão lógica. Levantamento recente do Ministério da Saúde evidencia que casos de aids voltaram a crescer entre jovens — justamente, vejam só, os mais refratários à orientação da… Igreja Católica. Pesquisa publicada na VEJA desta semana (ver post no acima) mostra que a Igreja Católica está em declínio no Brasil. A aids, no entanto, segue firme.

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Para que se possa afirmar a posição deletéria da Igreja na questão da camisinha, não lhes parece que o científico e não-maniqueísta seria ter em mãos os dados de como anda a expansão da doença entre os que seguem os preceitos da Igreja e entre os que não seguem? Se houver falha lógica no meu raciocínio, gostaria que os internautas me enviassem os argumentos.

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