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Reinaldo Azevedo

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Ainda o gerúndio

Inútil fazer fofoca com o meu post sobre o gerúndio. Eu discordo é da professora que está tentando inventar uma nova forma nominal do verbo. Se André Petry concorda com ela, então discordo dele também. Qual é a surpresa? Uma coisa é o acadêmico fazer digressões sobre as circunstâncias em que um determinado erro se […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h16 - Publicado em 27 out 2007, 16h57
Inútil fazer fofoca com o meu post sobre o gerúndio. Eu discordo é da professora que está tentando inventar uma nova forma nominal do verbo. Se André Petry concorda com ela, então discordo dele também. Qual é a surpresa?

Uma coisa é o acadêmico fazer digressões sobre as circunstâncias em que um determinado erro se populariza; outra, bem diferente, é tentar adotar o erro como variação da norma culta. Fosse assim, em breve não seríamos mais o famoso país continental unido pela língua, mas os Bálcãs da América separados pelo Português.

Um dos verbos mais populares do interior de São Paulo é “PONHAR”. Vocês conhecem? Por qualquer razão que certamente renderia um lindo tratado, a primeira pessoa do indicativo contaminou o infinitivo e todas os tempos do indicativo:

– Você já ponhou o café pra secar no terreiro?
– Já ponhei.

Se quiserem, dou aqui uma de uspiano, cito algumas passagens de Guimarães Rosa e demonstro que a língua viva é aquela do povo — ou aquela do que a academia supõe que seja o povo. Na USP, há sempre alguém disposto a endossar qualquer registro. É evidente que as formas adotadas pelo falante são as que tornam a sua comunicação mais eficiente. Mas uma língua não serve apenas ao diálogo dos falantes. Ela também dialoga com a cultura e, pois, com a tradição que a precede. É a existência desse núcleo conservador que garante a folia mudancista da superfície. A gramática é como a vida. É como a política. É como as instituições.

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“Vou estar enviando o formulário para o senhor” é, sim, uma praga gerada pela tradução dos manuais de telemarketing. Não é português. Nada tem com Camões. Nem aqui nem em Macau, na China. E não há a menor evidência empírica de que seja só uma forma de ludibriar o interlocutor. É tão assertivo quanto o “vou enviar” ou “enviarei”. E, em qualquer dos três casos, a pessoa pode estar mentindo — ou “a mentir”. Não existe a forma verbal do ludíbrio. Isso está mais para o terreno, sei lá, da poesia do que da gramática.

Assim, não saiam por aí empregando o gerundismo na suposição de que a VEJA teria dito que está correto. Não disse. E não está correto.

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