Abaixo, um caso que demonstra por que o gigantismo estatal está na raiz de quase tudo o que não presta no Brasil
Ontem e hoje, publiquei dois longos textos fazendo um pouco a anatomia da nossa miséria política. Quais são as causas? Há muitas! Mas há a mãe de todas elas, o nosso mal original: o tamanho do estado. É o seu gigantismo que está na raiz da incompetência, da roubalheira e do atraso social. Uma reportagem […]
Ontem e hoje, publiquei dois longos textos fazendo um pouco a anatomia da nossa miséria política. Quais são as causas? Há muitas! Mas há a mãe de todas elas, o nosso mal original: o tamanho do estado. É o seu gigantismo que está na raiz da incompetência, da roubalheira e do atraso social.
Uma reportagem de Daniel Pereira e Rodrigo Rangel na VEJA desta semana, intitulada “A Fábrica de dinheiro do PTB”, ilustra como poucas o que se diz acima. Vale a pena ler. Ali se explica direitinho como certas coisas funcionam em Brasília. Apresento uma síntese.
– A Dismaf é uma empresa que se meteu num imbróglio nos Correios e acabou investigada na CPI do Mensalão.
– Em abril de 2010, os Correios informaram que ela estava proibida de participar de licitações promovidas pela estatal.
– Quando a Dismaf se meteu na confusão do mensalão, era uma empresa modesta. Em 2006, faturou apena R$ 2,6 milhões; vendia bolsas de carteiros e fardas militares.
– A Dismaf mudou de ramo e passou a comercializar trilhos de ferrovias.
– Em 2010, faturou R$ 346 milhões.
– Há dois meses, venceu uma licitação promovida pela Valec, estatal do Ministério dos Transportes, de astronômicos R$ 720 milhões.
– Assim como a Dismaf não produzia nada em 2006, não produz nada agora: só faz intermediação.
– A Controladoria Geral da União diz que ela não poderia ter participado de licitação nenhuma até 2015 porque a punição que vale para os Correios vale para qualquer outro ente estatal. O TCU pediu informações à Valec porque acredita que houve direcionamento de resultado. Para todos os efeitos, o ministro Alfredo Nascimento suspendeu o processo.
A esta altura, o leitor pode se perguntar: “E daí?”. Aos fatos.
– Os donos da Dismaf são os irmãos Basile e Alexandre George Pantazis.
– Basile é tesoureiro do PTB do Distrito Federal, partido do senador Gim Argello, também do DF, de quem é amigo pessoal.
– Argello, que fanfarroneia sua “amizade pessoal” com Dilma, é um fiel escudeiro do senador José Sarney (PMDB-AP). Fernando, um dos filhos do presidente do Senado, é investigado pela Polícia Federal justamente por conta de irregularidades na… Ferrovia Norte-Sul, que usa os trilhos intermediados pela Dismaf.
– A prosperidade da Dismaf de 2006 para cá rende frutos óbvios a seus proprietários. Basile costuma desfilar numa Ferrari em Brasília e comprou uma mansão na Península do Ministros, no Lago Sul, por R$ 6 milhões.
– Em off, políticos ligados ao PTB dizem que Basile “opera para o caixa do partido” também na BR Distribuidora, que tem um diretor indicado por Argello e outro por Fernando Collor de Mello (AL) — ele mesmo! —, também senador pelo PTB.
Entenderam?
Volto ao começo. No poder, o que fez o PT? Aumentou o poder do estado. Isso quer dizer que se ampliaram as possibilidades de os brasileiros serem roubados.