A vingança tardia do “mago”. Ou: Seja fiel aos amigos, mas preserve a literatura!
Eu, hein… Reproduzo abaixo um post que está no blog do escritor e jornalista Mario Sabino. Acho que ele diz um tantinho de certa cultura da violência que se espalha na rede. O jornalista Juan Arias, do El País, conheceu isso de perto, como vocês viram. Vale a pena ler o texto que está no […]
Eu, hein… Reproduzo abaixo um post que está no blog do escritor e jornalista Mario Sabino. Acho que ele diz um tantinho de certa cultura da violência que se espalha na rede. O jornalista Juan Arias, do El País, conheceu isso de perto, como vocês viram. Vale a pena ler o texto que está no site de Sabino. Vejam como a admiração, em alguns casos, pode ser fluida… Volto depois.
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Paulo Coelho e a vingança
Caros amigos que acompanham meu trabalho literário,em 1990, quando era editor de Cultura da revista Istoé, exerci meu direito de crítica ao escrever que um dos livros de Paulo Coelho era muito, muito ruim. Para vocês terem uma ideia, eu nem me lembro do título. Mas, aparentemente, Coelho jamais conseguiu superar esse fato irrelevante na sua trajetória de sucesso. Como editor-executivo de Veja, pautei matérias (de capa, inclusive) para comentar o êxito do mago no exterior, sem deixar que minha opinião pessoal sobre seus livros se impusesse. De lá para cá, tivemos alguns contatos telefônicos e por email, todos muito simpáticos. Por isso, surpreendi-me com os tweets virulentos que ele postou contra mim, afirmando que eu era um escritor “insuportável” e também um sujeito “vingativo”. Para reforçar essa última, digamos, opinião, ele colocou um link para a página de um blogueiro que está sendo processado por mim, por calúnia e difamação. Coelho talvez não saiba que, por causa do link, eu também poderia processá-lo, coisa que não farei. Só gostaria de dizer que, talvez por eu não fazer mais parte da direção de Veja, Coelho se sentiu à vontade para atacar-me, no que só posso interpretar como uma vingança à longínqua resenha escrita por mim em 1990. O vingativo, pois, é ele. Não importa, continuo a defender que haja espaço para os livros de Coelho, mesmo que não goste deles. E apenas posso lamentar que ele me ache um escritor “insuportável”. Coelho tem o direito de mudar de opinião. Em maio de 2010, como escreveu a mim, a avaliação dele sobre o meu trabalho literário era oposta, como pode ser visto na troca de emails que reproduzo abaixo. Na ocasião, o elogio foi a meu segundo livro de contos, “A Boca da Verdade”, o último publicado antes do meu último romance, “O vício do amor”. Apesar de tudo, mando o meu abraço a Coelho, que se deixou tragar pela vingança, mas com certeza já deve ter recobrado o bom senso.
Mario Sabino
Email de Paulo Coelho a Mario Sabino, com a respectiva resposta:
–Mensagem original–
De: Paulo Coelho
Enviada em: segunda-feira, 31 de maio de 2010 17:28
Para: Mario Sabino
Assunto: A boca da verdade
Boa tarde Mario:
comprei apenas por obrigação, porque costumo ler quase tudo que posso, e seu
livro estava na minha lista.
Acontece que – para minha supresa, devo confessar – gostei muito.
Imagino que a Record deve vende-lo na Feira de Frankfurt. Importante, porque
seu trabalho merecia ser lido na Europa. Eu pessoalmente não posso ajudar
muito, mas me ofereço, se voce quiser, escrever uma “quote” quando o livro
estiver publicado.
Estou anexando a foto do livro, justamente no dia (hoje) que terminei a
leitura.
Abraços
Paulo
De: Mario Sabino
Enviada em: sexta-feira, 4 de junho de 2010 16:33
Para: ‘Paulo Coelho’
Assunto: RES: A boca da verdade
Paulo,
You may be right.
Um abraço,
Mario
Voltei
Acho que Mario se esqueceu de lembrar, mas me ocorre aqui. Tenho a certeza de que vi Paulo Coelho ao lado de José Dirceu depois daquele maio de 2010, data do seu e-mail. É bonito ser mais fiel aos amigos do que à literatura, né?
Huuummm… Para falar a verdade, acho que as coisas estão no seu devido lugar é agora. Não vejo uma só boa razão para Paulo Coelho apreciar a literatura de Mario Sabino.