A TV do Zé Dirceu vai ter Gretchen, Rita Cadilac, Índia Amazonense e Lia Hollywood
Estava curioso para saber o que o Zé — o Dirceu — acha desse imbróglio da Oi/BrT. Fui ao seu site. Pelo visto, nada. Prefere o silêncio eloqüente. O Zé é o Caetano Veloso do stalinismo de resultados. Ele sempre acha alguma coisa. Parece que o “consultor” do bilionário Carlos Slim, dono da Claro no […]
Ele publica uma entrevista com o deputado petista Jorge Bittar (RJ), relator de um substitutivo a quatro projetos de lei que tramitam na Câmara mudando a legislação dos serviços de TV por assinatura. Na questão, digamos, estrutural, permite às empresas de telefonia operar também serviço de TV paga. Até aí, vá lá. Consultor é consultor.
O texto também propõe que 10% da grade das TVs pagas seja “produto nacional”, excluindo-se programas noticiosos, esportivos e religiosos. Epa! Lobby à parte, a justificativa oficial para botar as operadoras de telefonia no setor de TV paga não é aumentar o cardápio de opções? Ele será ampliado, mas com a canga da “programação nacional”? Dirceu diz que o espectador já tem limitado o seu poder de escolha porque não é ele quem decide a grade. É fato. Mas ele liga a televisão se quiser. Muda de canal se quiser. Escolhe o serviço que quiser. Se a programação nacional for assim tão boa, a empresa que fizer um bom pacote com o produto vai ter mais assinantes. Isso é mercado. O que ele quer é cartório.
Isso é só uma estupidez e uma espécie de fachada nacionalista para esconder, uma vez mais, a mão grande do PT no setor de telecomunicações e radiodifusão. E, claro, vai contar com o apoio dos cretinos esquerdóides do miolo mole. Se todas as empresas de telefonia resolverem competir pra valer com as emissoras, nem há produção nacional para tanto. Teremos de assistir àqueles pterodáctilos que, volta e meia, aparecem em canais comunitários ou universitários. Até festas de batizado e formatura serão incluídas em pacotes.
Ou, então, alguns clássicos do cinema nacional terão de ser recuperados para gáudio estético da bugrada. Imaginem só:
Direção: Deni Cavalcanti
Estrelas: Gretchen, Rita Cadilac, Tânia Gomide, Índia Amazonense e Lia Hollywood
– Coisas Eróticas – 1982 – Um clássico. Primeiro filme brasileiro com sexo explícito.
Direção Rafaelli Rossi
Estrelas: Zaíra Bueno, Jussara Calmon, Walder Laurentis e Marília Nauê
– Oh! Rebuceteio! – 1984 (paródia nativa de Oh! Calcutá!)
Direção: Cláudio Cunha
Estrelas: Ronaldo Amaral, Elizabeth Bacelar e Eleni Bandettini
Convenham: se for para termos na TV paga a versão do “programa de substituição de importações”, que, ao menos, seja filme de sacanagem, né? Pensem bem: a alternativa podem ser aqueles documentários sobre a importância do maracatu, da música de viola e do bumba-meu-boi no caráter do brasileiro ou uma aula “magda” de Niemeyer sobre as virtudes do “homem novo” comunista. Outro hit das produtoras independentes são os filmes sobre reciclagem. Eu já não agüento mais os Schopenhauers das garrafinhas pet e os Spinozas das sandálias de pneu careca.
Como já disse um sábio brasileiro, antes a “mulher nova” do que o “homem novo”… Como este texto não é uma produção genuinamente nacional, espero que seja lido com a tecla SAP acionada…