A reportagem de VEJA, os culposos e os dolosos
Há muito tempo, ainda no site Primeira Leitura, comparei os petralhas a hienas: são feios, sorrateiros, só atacam em bando, roubam a caça alheia e adoram focinhar na carniça. Que gente desavergonhada!*Consegui a minha senha e li a VEJA desta semana — pô, gente! Só não fui comprar uma na banca porque não há banca… […]
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Consegui a minha senha e li a VEJA desta semana — pô, gente! Só não fui comprar uma na banca porque não há banca… Volto logo. Tá acabando…
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Por que estão rindo as hienas? Por que a algaravia dos carniceiros? Acham, por acaso, que a reportagem sobre o acidente aéreo lhes é favorável? Há uma crença de que as hienas podem comer as próprias fezes. Aquelas, não sei. Já estas… Reparem.
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A reportagem de Marcio Aith, Fábio Portela e Julia Duailibi que informa ter havido erro do piloto no caso do acidente da TAM informa também que já houve dois outros casos em circunstâncias idênticas, também com aparelhos A320 da Airbus: um deles, nas Filipinas, matou três pessoas; o outro, em Taipei, não matou ninguém. No Brasil, morreram 199. Nas duas ocorrências em que houve uma mistura de falha humana com problema da máquina, o que salvou vidas foi a infra-estrutura dos aeroportos — a mesma que empurrou para a morte duas centenas de brasileiros, sob a inação cúmplice, irresponsável, criminosa das autoridades do setor aéreo e do governo.
Mas as hienas estão que é pura gargalhada. Seguem o exemplo de seu chefe, Lula, que decidiu fazer gracejos quando deu posse ao ministro Nelson Jobim (Defesa). Como vimos, o Apedeuta nos convidou a não pensar só em coisas tristes. Eis a festa macabra do governo petista.
Reproduzi, como viram, num post abaixo, comentários petralhas. Alguns leitores me censuraram. Não os querem aqui. Nem eu. Mas é útil, de vez em quando, evidenciar o estado mental dessa gente.
Anac
Os petralhas estão ensandecidos. Mandam-me trechos da reportagem em que se fala do erro do piloto — como se isso negasse a crise aérea — e fingem ignorar uma outro texto, que vem em seguida, mostrando que algumas figuras da Agência Nacional de Aviação (Anac) — que tem de ser o órgão a regular as demandas dos usuários, das empresas e do governo — mantém vínculos com as… empresas!!! A conselheira Denise Abreu, por exemplo, é irmã de Olten Ayres de Abreu Júnior. O que faz Olten? Adivinhou quem respondeu que ele presta serviços à TAM — que se mobilizou, diga-se, em favor da nomeação de irmã. Josef Barat, também diretor da Anac, é dono da Planam Consult, empresa privada que já prestou consultoria à TAM e à Gol.
Não é só isso. A reportagem de Diego Escosteguy lembra um fato aterrador: “Na semana passada, um avião que voava entre Guarulhos e Curitiba fez um pouso de emergência em Londrina depois que um pedaço da fuselagem de uma das turbinas se soltou. Os mecânicos improvisaram um remendo e o avião foi autorizado a decolar, o que só não aconteceu porque a Polícia Federal resolveu fazer o trabalho da Anac e proibiu a operação até que o conserto fosse efetuado.” Atenção! Isso aconteceu depois dos 200 mortos de Congonhas.
Dado o quadro, a canalha vem me cobrar que faça autocrítica!!! Como é que é? O perigo do governo Lula é muito maior do que o dano que ele provocou até agora. A reportagem não livra a cara do governo. Trata-se do contrário: agrava a sua responsabilidade. O sistema aéreo brasileiro, nas condições em que opera, é uma máquina assassina gerida por incompetentes, irresponsáveis, prevaricadores e gananciosos.
A frase é esta: a ação culposa não esconde, antes reforça, a cadeia de ações dolosas. VEJA, uma vez mais, cumpriu o papel que lhe cabe. Falta que o governo faça o mesmo.