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Reinaldo Azevedo

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A quebra de sigilo na conta de Santana é só parte da estratégia da defesa; força-tarefa deve pedir renovação de prisão temporária

A defesa de João e Mônica pediu a revogação de sua prisão provisória alegando que o casal voltou espontaneamente para o Brasil. Num dado trecho da petição, quase fico com vontade de pedir um autógrafo

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h27 - Publicado em 25 fev 2016, 22h28

Há notícias que, quando ganham um título grandão, parecem querer dizer grande coisa e, na verdade, não querem dizer nada.

Assim é com essa historia de que João Santana autorizou a quebra do sigilo da conta da offshore Shellbill, que recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht e US$ 4,5 milhões do lobista e propineiro Zwi Skornick.

O acesso pleno aos dados não vai revelar nada que já não se saiba e que não esteja adequado à linha abraçada pela defesa. E que linha é essa?

Ora, a dupla não recebeu recursos ilícitos. Tinha passivo a receber por campanhas feitas em vários países, coitadinhos!, e ficaram sabendo que os pagadores seriam a Odebrecht e o tal Skornick. Mas eles não têm nada com isso. Sua única falha teria sido não declarar isso à autoridades brasileiras.

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Assim, Santana, que pode, no exterior, cometer esses pecadilhos, é um monumento moral quando em solo pátrio, onde também jamais aceitaria receber grana por baixo dos panos de uma empreiteira. Isso também ele deixa para fazer em solo estrangeiro. Sabem como é… Patriotas desse jaez sempre ficam muito incomodados ao fraudar a boa-fé do povo brasileiro.

Skornick está preso. Até agora, sua defesa não se manifestou sobre a acusação do casal Santana — ou, mais propriamente, de Mônica Moura: segundo ela, a dinheirama que o lobista depositou na conta da Shellbill eram restos a pagar da campanha eleitoral que João fez em Angola.

Também a Odebrecht não se pronunciou sobre o caso. Fica evidente que, para afastar Dilma e o PT do rolo, a dupla não hesitou em meter a empreiteira no olho do furacão, e agora em complicações que podem ir além das fronteiras brasileiras.

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A defesa de João e Mônica pediu a revogação de sua prisão provisória alegando que o casal voltou espontaneamente para o Brasil. Num dado trecho da petição, quase fico com vontade de pedir um autógrafo:
“Eles são empresários de renome do marketing político brasileiro e internacional, e, se cometeram algum pecado, foi o de receber recursos lícitos, fruto de trabalho honesto, em conta não declarada no exterior, crime que nem mesmo neste egrégio Juízo costuma sujeitar o réu ao cumprimento de prisão antecipada”.

O juiz Sergio Moro pediu que a PF e o Ministério Público Federal se manifestem a respeito. Deve receber como resposta algo bem diferente da pretensão da defesa. A força-tarefa deve pedir na sexta a renovação da prisão temporária, por mais cinco dias. Se concedida, tal expediente não poderá mais ser utilizado, e João e Mônica só ficam na prisão, depois de decorridos dez dias, se tiverem decretada a prisão preventiva.

Só espero que a defesa não exagere e não nos convide ainda a ter orgulho de tão competente casal.

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