Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A propaganda fascistóide do governo Dilma – Ou: a mão do Estado-Deus!

Em comunicação, pouco importa a intenção; interessa aquilo que efetivamente se realizou, o conteúdo que foi transmitido. A propaganda do governo Dilma que está no ar, aquela da mão grande, é uma das coisas mais estúpidas e deseducativas jamais produzidas no Brasil. É também essencialmente mentirosa. Envergonha qualquer um que tenha um pouquinho de bom […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h57 - Publicado em 29 ago 2011, 16h07

Em comunicação, pouco importa a intenção; interessa aquilo que efetivamente se realizou, o conteúdo que foi transmitido. A propaganda do governo Dilma que está no ar, aquela da mão grande, é uma das coisas mais estúpidas e deseducativas jamais produzidas no Brasil. É também essencialmente mentirosa. Envergonha qualquer um que tenha um pouquinho de bom senso.

Vejam um dos filmes.

[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=UKO872BkXKw&w=560&h=345]

As imagens têm história. A mão que vem do alto, em socorro ao ser humano, é, originalmente, a mão de Deus. A matriz dessa iconografia é a “A Criação de Adão”, de Michelangelo, afresco que está no teto da Capela Sistina. Abaixo, reproduzo a imagem e o detalhe. Sigo depois.

a-criacao-de-adao-michelangelo

Continua após a publicidade

dedo-de-deus-a-criacao-michelangelo

Essa matriz gerou, como disse, ao longo da história — procurem no “Google Imagem” todas as variantes de “A Mão de Deus” — uma tradição iconográfica, a que pertence também a propaganda oficial do governo Dilma.

Como petralhas são uma bestas ao quadrado, logo um deles tirará as patas dianteiras do chão para tentar argumentar, fingindo ter a coluna ereta: “Então Michelangelo era fascistóide?” Ai, ai… A propaganda do governo Dilma inventou um estado generoso, que concede benefícios àqueles cá da terra, como se chovessem casas, estradas, escolas, benefícios sociais vários, sem qualquer custo; como se um ente realmente superior derramasse maná sobre a Terra, numa lógica da pura doação.

Continua após a publicidade

E quem doa os benefícios ao povaréu passivo e sorridente? O estado! E esse estado é encarnado pelo governo Dilma, mais especificamente pela própria Dilma. E aí vem a mensagem malandra: “O Brasil está em boas mãos”. Sei… Poderia soar personalismo. Então vem a emenda do soneto: “Nas mãos do povo brasileiro”.

Desde a democratização plena, o país está nas mãos do povo brasileiro. Esteve também quando os adversários do PT foram eleitos. Assim como o Estado, a Dilma e o PT não nos dão nada, também não foi este governo (ou o de Lula) que nos deu a democracia. Ela foi uma construção coletiva.

A mão que concede benefícios não é a mão de Deus, não é a mão do Estado, não é a mão de Dilma. A mão que concede benefícios é a dos trabalhadores que pagam impostos, que arcam com a carga tributária mais alta do mundo, que beira a extorsão. Não existe essa doação, não existe esse presente, não existe essa chuva de maná.

Continua após a publicidade

Digo que a propaganda é fascistóide porque ela supõe a existência de um povo, como direi?, passivamente mobilizado, que é uma característica dos regimes fascistas, organizado à espera do provimento, como se as ações sociais nunca tivessem custo e decorressem da generosidade do estado e dos governantes.

Trata-se de uma campanha feita para idiotas, que infantiliza o telespectador, que trata a população como bichos à espera da ração. Tio Rei é rapaz caipira. No fim da tarde, uma das tarefas da molecada na Fazenda Santa Cândida era alimentar as galinhas. A gente abria o paiol e debulhava o milho numa geringonça com manivela. Era virar a taramela do depósito, a galinhada começava a se reunir. Quando saíamos com a bacia de milho, havia aquele mar de penas, uma cena de Hitchcock… E começava a chuva de grãos… Alimentávamos, generosos, aquelas que nos davam os ovos e que acabariam, fatalmente, na panela.

Também nós, os generosos, fingíamos doar aquilo que tirávamos das galinhas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.