A patacoada do MST

O MST, informa o Estadão (leia aqui), promete uma mobilização inédita em favor da reforma agrária e, no discurso, hostiliza um tanto o governo Lula. Uma certa Marina dos Santos, da coordenação do movimento, diz que o governo Lula é “como feijão velho e duro: se não botar na panela de pressão, não cozinha”. O Apedeuta tornou populares essas metáforas fáceis. Viraram instrumento de educação política. Vem turbulência por aí. Mas nada com que o governo possa se preocupar. Até porque o MST só está querendo manter azeitado o seu aparelho, e Lula pode não dar tudo o que ele quer, mas cederá uma boa parte. Isso é absolutamente corriqueiro, um jogo de cartas marcadas. Não, não há nada de conspiratório. Não se trata de um fingimento: são colorações distintas da esquerda disputando espaço no Estado, por meio da disputa das verbas públicas.
Se Lula quisesse, poria em prática a lei antiinvasão — ela existe, sabiam? — que, no segundo mandato de FHC, fez despencar o número de ações do MST e, conseqüentemente, de mortes no campo. Essa é a questão que conta. Mas o petista não vai fazê-lo. Porque o MST também se mostra útil quando necessário. Trata-se de uma divergência de compadres, em que os verdadeiros adversários são a lei, a propriedade privada e o dinheiro público.
O MST é um caso de polícia, não de política.