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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A outra resenha da Folha: olhem quem fala mal. E as regras do jogo

É evidente que estou satisfeito com a lista, vejam no post anterior, de pessoas que leram meu livro e gostaram. Quem não estaria? Mais: desde o lançamento, ele está em todas as listas dos mais vendidos. É o chamado “sucesso de crítica e de público. Gosto e desgosto de tanta coisa, como sabem, e exerço […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h43 - Publicado em 25 out 2008, 06h55
É evidente que estou satisfeito com a lista, vejam no post anterior, de pessoas que leram meu livro e gostaram. Quem não estaria? Mais: desde o lançamento, ele está em todas as listas dos mais vendidos. É o chamado “sucesso de crítica e de público. Gosto e desgosto de tanta coisa, como sabem, e exerço com tanta liberdade o meu direito de gostar e não gostar, que posso suportar, hehe, que alguém ache ruim o que escrevo. É o caso do Alessandro Pinzani, professor de filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele diga o que quiser do meu livro, é do jogo. Só que o sujeito faz uma coisa inaceitável.

Na “outra” resenha da Folha, Pinzani atacou os meus leitores, segundo ele “a parcela cuja atividade cultural se limita à leitura de livros de auto-ajuda e a assistir a novelas”. Como ele sabe? Esse é o cara que me acusa de preconceituoso. Diogo Mainardi, Demétrio Magnoli, Gerald Thomas, Augusto Nunes, Rui Nogueira e Eduardo Graeff estão nessa categoria? As centenas — sim, centenas! — de professores, economistas, engenheiros, advogados, jornalistas e estudantes universitários, entre tantas outras profissões, que comparecem aos eventos de lançamento do livro se enquadram nesse perfil? No dia 27 de novembro, lançarei o livro em Florianópolis. Pinzani está convidado. Será tratado com toda civilidade, inclusive pelos leitores que ele ataca. Por que não vai conhecê-los de perto?

Pinzani até afirma que, às vezes, argumento bem e tenho uma mente “potencialmente brilhante”, mas, segundo diz, prefiro trocar o argumento pelo insulto. Ele, que argumenta, não viu mal nenhum em fazer o mais óbvio dos trocadilhos com o meu nome: “Azevedo/azedo”. O “achado” criativo foi parar no título: “Monólogos azedos de Reinaldo Azevedo substituem argumentação”. Não é demais? Argumentar é com ele! O primeiro parágrafo do seu texto é um primor. Eu me senti lisonjeado. Vejam o que ele escreve: “O mundo de Reinaldo Azevedo é um mundo onde existem o certo e o errado, onde vigoram postulados indiscutíveis como ‘nunca houve socialismo democrático’ (as grandes socialdemocracias européias nunca existiram, então) ou ‘tudo o que é ruim para o PT é bom para o Brasil’ (e vice-versa)”.

Não vou continuar com esse moço. Alguém que classifica “social-democracia” de socialismo ou é burro ou é vigarista. Porra, Ilustrada! Não tinha ninguém melhorzinho para me esculhambar, não? Só aí na redação, haveria uns três ou quatro bem mais preparados do que Pinzani. E, sim, senhor: aquele sou eu. No meu mundo, existem o certo e o errado. Aliás, no mundo de qualquer um. Para Pinzani, por exemplo, eu estou errado, e ele está certo, não é?

Poderia encerrar essa história por aqui. Mas não vou. Há, digamos assim, bastidores interessantes da trajetória de O País dos Petralhas na Ilustrada. E o leitor tem direito de saber porque, inclusive, as personagens autorizaram que a história fosse tornada pública. E Pinzani, coitadinho, vai ver que é apenas personagem de rodapé de uma traminha típica na mixuriquice intelectual do jornalismo.

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“A resenha é muito elogiosa”
Bater e apanhar — refiro-me ao debate público — fazem parte do jogo. E um jogo tem de ter regras. O do editor da Ilustrada, Marcos Augusto Gonçalves, seguiu leis de exceção. Por quê? Gerald Thomas havia combinado com o caderno escrever uma resenha de O País dos Petralhas. Faz mais de um mês. Ele entregou o texto. Só que foi recusado pelo editor porque considerado, segundo suas palavras, “muito elogioso”. Vale dizer: para ele, meu livro ainda não tinha sido lido, mas já tinha sido condenado.

Thomas cometeu algum deslize ético ao me contar isso? Ou cometo eu ao lhes contar? Não! MAG, como o editor é conhecido, autorizou-o a me dizer que estava vetando a resenha. Não sei se o que se deu é inédito no jornalismo sério, mas raro é. Vetar um texto porque ele não fala mal de um livro, parece-me, põe sob suspeição, potencialmente ao menos, qualquer opinião que saia na Ilustrada. Fica parecendo que a decisão de falar bem ou mal do que quer seja precede a avaliação da própria coisa. Isso é intelectualmente honesto?

Ademais, já vi a Ilustrada se meter em polêmicas — gostam disso por lá. Um fala bem numa edição; outro, mal na seguinte. Ao mesmo tempo? Na mesma página? De novo, se não é inédito, é raro Fica parecendo que MAG não se conformou de novo: “Xiii, este também fala bem. Vamos ter de achar alguém que fale mal”.

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Numa reportagem publicada há algum tempo, a Ilustrada de MAG já havia me qualificado como expressão da “nova direita” brasileira, o que não era, de modo nenhum, elogioso. Mormente porque, em seguida, notórios representantes da esquerda foram convocados para dizer o que achavam dos “neodireitistas”… O contrário, claro, jamais seria feito: jamais direitistas seriam chamados para dizer o que pensam dos esquerdistas.

Tenho bons amigos na Folha. As escolhas do editor não me farão tomar a parte pelo todo, o desvio de conduta como a norma. Ademais, o qüiproquó em torno do livro já é meio antigo. Claramente a resenha do tal Pinzani é recente, feita no joelho, de afogadilho, de encomenda mesmo, tanto é que ele já se refere ao sucesso do livro, alertando que “a quantidade de leitores não é garantia da boa qualidade do texto”. É verdade, assim como a obscuridade, caso de Pinzani, não é sinal de genialidade ou seriedade.

E uma pergunta final: a partir de agora, toda resenha ou crítica da Ilustrada terá “outro lado” na mesma edição, ou só eu fui agraciado com o procedimento porque fui “acusado” de escrever bem por dois resenhistas, contra a opinião do editor?

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PS: Naquela matéria sobre a “nova direita”, os esquerdistas diziam que gente como eu, Diogo Mainardi, Nelson Ascher, entre outros, não tinha a qualidade de um José Guilherme Merquior — que já morreu. Vocês sabem: direitista bom é direitista morto. Agora, o tal professor diz que não sou, assim, um Christopher Buckley ou um Rich Lowry. Engraçado, para ser um “conservador” de respeito, é preciso ser Merquior, Buckley, Lowry… Já para ser um “progressista”, não é preciso ter respeito nenhum: ser Pinzani já tá de bom tamanho.

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