Há tempos não lia um relato tão asqueroso quanto o que fazem Leandro Berguoci e Débora Yuri na
Folha desta quinta (
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As Mãos Sujas, de Sartre, da sua fase pré-gagá-stalinista. Na verdade, trata-se de um libelo anti-stalinista, que faz justamente uma crítica feroz à idéia de que é preciso sujar as mãos, o exato oposto do que diz este atorzinho em sua delinqüência intelectual. Alguns discordaram, disseram que não é bem assim. José de Abreu, por exemplo, disse que “é difícil não meter a mão na merda, mas que é preciso tentar ter mãos beatas”. Foi ele quem, na segunda, pediu uma salva de palmas a José Mentor, José Dirceu e José Genoino. Terá sido com as mãos beatas ou com as outras? Augusto Boal, que acaba de receber uma pensão vitalícia como homem perseguido pela ditadura (Santo Deus!), não entrou no mérito. Disse que a ética não está sendo bem usada na campanha. Oh, claro que não. E Luiz Carlos Barreto, o preferido da Petrobras, disse que mensalão não é roubo. Roubo é sanguessuga. Para estes, ele defende “fuzilamento”. Barretão não suporta ladrão pé-de-chinelo. Alguns dos nossos artistas precisam voltar a tirar aquela carteirinha que antes se exigia das atrizes, provando que não tinham doenças venéreas. Sem querer ofender as atrizes do passado nem as putas, é claro.