À luta, higienopolitanos! Vamos botar fogo em pneus!
Moradores de Higienópolis, alguns poucos, achando que também estivessem protegidos pelo Artigo 5º da Constituição, que assegura a todos os brasileiros o direito à livre manifestação, resolveram protestar contra a construção de uma estação do Metrô num determinado lugar do bairro. Porque uma senhora disse lá uma bobagem, a imprensa paulistana decidiu tratar todo o […]
Moradores de Higienópolis, alguns poucos, achando que também estivessem protegidos pelo Artigo 5º da Constituição, que assegura a todos os brasileiros o direito à livre manifestação, resolveram protestar contra a construção de uma estação do Metrô num determinado lugar do bairro. Porque uma senhora disse lá uma bobagem, a imprensa paulistana decidiu tratar todo o bairro como um antro de gente preconceituosa. Como resolveram dar asas às cobras, até os anti-semitas se aproveitaram para atacar a “judeuzada” do bairro. Esquerdopas, fascistas e idiotas têm origem comum.
Bem, os moradores de Higienópolis descobriram que a Constituição vale para todo mundo, menos para eles. Isso entrará para a história das Constituições como a chamada “Exceção Higienopolitana”. E pensar que aquela tal Primeira Emenda, na Constituição dos EUA, assegura não só a liberdade de expressão, mas também o direito de enviar petições ao poder público. Por aqui, se o sujeito for da “elite” que não pega empréstimo subsidiado do BNDES e só paga imposto, isso se confunde com crime.
Então resta o quê?
Imitar alguns companheiros — não todos, porque nunca se deve generalizar: em Higienópolis ou em Paraisópolis — de algumas áreas da cidade que, quando descontentes com o poder público, incendeiam carros e pneus. É isto: nas minhas caminhadas, tentarei convencer a vizinhança a empregar essa forma de “petição”. Até fiz uma pesquisa na imprensa progressista e descobri que jornalista tem simpatia por quem incendeia pneus.
A gente faz isso e depois conta uma história triste para a Mafaldinha ou o Remelento que estiver de gravador na mão. De posse de nosso testemunho sofrido, ele corre fazer justiça com as próprias mãos, sem melar o teclado, na redação.
À luta, higienopolitanos! Vamos botar fogo em pneus!