A greve de fome do bispo
Tudo o que amola o PT, em princípio, me interessa. A menos que, sob o pretexto de combater o partido, alguém me proponha algo anda pior. Leitores me perguntam o que acho da greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio, no seu 13º dia, contra a transposição do São Francisco. Olhem, acho que ele […]
Transposição do São Francisco? No mínimo, essa proposta está mal debatida, não é? Andei lendo algumas coisas a respeito. Parece-me que há restrições sensatas ao projeto e que a recuperação do rio faria muito mais sentido. Mas também há gente competente dizendo o contrário. Desconfio um pouco desse lado Antonio Conselheiro de Lula.
Mas daí a endossar esse messianismo chinfrim do bispo vai uma grande diferença. Se a Igreja Católica tem restrições ao projeto, que elas sejam postas — se é que a Igreja tem de se meter nisso. Parece-me que não. O certo seria a sua universidade, a PUC, mobilizar seus geógrafos para estudar o caso. São Francisco, o rio, não é matéria teológica.
Ainda no Primeira Leitura, censurei o bispo por ocasião de sua primeira greve de fome. Continuo a fazê-lo agora. Escrevo na VEJA desta semana sobre a bela encíclica Spe salvi, de Bento 16. Uma das forças do documento é demonstrar que a fé é compatível com a razão. Não é caso de dom Cappio.