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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A educação pela pedrada

Ihhh, gente! Abaixo, falei do meu nascimento — sim, é verdade, num automóvel, um Ford —, mas não para estimular uma futura hagiografia. Eu, hein… No máximo, seria algo assim: “Nunca Fui Santo!” Qual seria a cena carregada de simbolismos, aquela que permitiria à platéia entender que, naquele instante, formava-se a têmpera de um bravo? […]

Por Reinaldo Azevedo 30 nov 2009, 19h51 • Atualizado em 31 jul 2020, 16h19
  • Ihhh, gente! Abaixo, falei do meu nascimento — sim, é verdade, num automóvel, um Ford —, mas não para estimular uma futura hagiografia. Eu, hein… No máximo, seria algo assim: “Nunca Fui Santo!”

    Qual seria a cena carregada de simbolismos, aquela que permitiria à platéia entender que, naquele instante, formava-se a têmpera de um bravo? Deixe-me ver… Eu, bebê, sentadinho numa cadeira, impossibilitado de sair correndo, e mamãe ouvindo nas alturas o Bolero de Ravel…

    A música naquele crescendo contínuo, e o demônio se apoderando do “Bebê da Dona Cida”… Um dia eu me vingo e falarei mal desta música maldita mesmo quando me faltar um gancho para isso… Prometo que darei um jeito. Promessa do neném-diabo!

    Se meu pai ficou orgulhoso? Sei lá, né? Devo ter atrapalhado o jogo de truco naquela noite, o que sempre é chato. Houve um tempo em que os pais não se ocupavam de superproteção, como fazemos hoje em dia, e se vivia simplesmente, crescendo e morrendo junto com as coisas. Se há um cordão umbilical para cortar, usa-se o canivete.  Sabem o que isso significa? NADA!!!

    A banalização da psicologia e do discurso psicanalítico é que fez esses seres inseguros de hoje em dia, com uma infância prolongada até os 20 e tantos, uma adolescência que vai além dos 30, todos muito interessados em confessar suas carências…

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    Sou do mato. E lembro-me do tempo em que a gente não se distinguia muito das coisas  — como se elas nos definissem, não o contrário. Mas não vou aqui enredá-los na metafísica. Este falou melhor do que eu:

    A educação pela pedra
    João Cabral de Melo Neto

    Uma educação pela pedra: por lições;
    para aprender da pedra, freqüentá-la;
    captar sua voz inenfática, impessoal
    (pela de dicção ela começa as aulas).
    A lição de moral, sua resistência fria
    ao que flui e a fluir, a ser maleada;
    a de poética, sua carnadura concreta;
    a de economia, seu adensar-se compacta:
    lições da pedra (de fora para dentro,
    cartilha muda), para quem soletrá-la.

    Outra educação pela pedra: no Sertão
    (de dentro para fora, e pré-didática).
    No Sertão a pedra não sabe lecionar,
    e se lecionasse, não ensinaria nada;
    lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
    uma pedra de nascença, entranha a alma.

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