A ditadura chinesa — agora na economia!
A China é um bom lugar para Luciano Coutinho, do BNDES, criticar a política cambial brasileira, não é mesmo? (ver post abaixo) O país respondeu, em boa parte, pelo “bom momento” da economia brasileira no qual Lula surfou. Sucessivos superávits na balança brasileira — e, pois, as reservas — foram garantidos em razão da elevação […]
A China é um bom lugar para Luciano Coutinho, do BNDES, criticar a política cambial brasileira, não é mesmo? (ver post abaixo) O país respondeu, em boa parte, pelo “bom momento” da economia brasileira no qual Lula surfou. Sucessivos superávits na balança brasileira — e, pois, as reservas — foram garantidos em razão da elevação das commodities, de que a China era, e é, a grande compradora. Só que aquele país mantém sua moeda desvalorizada — debaixo do porrete, se necessário — e passou a ser não apenas comprador do Brasil, mas também seu concorrente. Este blog publicou um post a respeito no dia 03 de fevereiro. Em suma, a China, que salvou o PT, pode, em futuro nem tão distante, danar o Brasil. Leiam.
Logo o Brasil estará cantando para a China: “Meu bem, meu zen, meu mal”
Viva a China, não é?, a maior compradora de commodities, que estão pela hora da morte, para honra e gáudio do “equilíbrio” encontrado pela economia brasileira. Pois é… Mas chegará a hora – e há quem diga que a hora até já passou – em que o Brasil terá de responder à concorrência chinesa, que está dando um tombo na indústria brasileira. Não é questão de ideologia, gosto ou escolha por essa ou por aquela teoria econômica: é uma questão de fato. O crescimento industrial recorde do ano passado, para o qual alguns bateram bumbo, se dá sobre um encolhimento de 7% em 2009. Ao contrário do que parece, o momento não é bom para a indústria brasileira. E há um coquetel de fatores que concorre para isso. Cedo ou tarde terão de ser enfrentados. Leia uma reportagem do Estadão Online:
Concorrência com a China faz 67% dos exportadores perderem clientes
Por Eduardo Rodrigues:
O impacto da concorrência com a China na indústria brasileira é tão significativo que 67% das empresas exportadoras brasileiras, que competem com produtos chineses, perdem clientes e 4% deixou de exportar, de acordo com Sondagem Especial, divulgada nesta quinta-feira, 3, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além disso, 45% das empresas que competem com a China perderam participação no mercado doméstico brasileiro. De acordo com a Sondagem, a presença da China é mais intensa em seis setores industriais, onde pelo menos metade das empresas afirmaram que concorrem com similares chineses. É o caso dos setores de material eletrônico de comunicação, têxteis, equipamentos hospitalares e de precisão, calçados, máquinas e equipamentos, além do setor que a CNI classifica como “indústrias diversas”.
No geral, 52% das empresas exportadoras brasileiras competem com a China em outros mercados. No entanto, 21% das companhias consultadas registram importação de matéria prima chinesa, denotando, segundo a CNI, um aumento da penetração do país asiático na cadeia produtiva brasileira. Além disso, 32% dessas empresas pretendem aumentar as compras de insumos do gigante asiático.
De acordo com a sondagem, 50% das indústrias brasileiras já definiram estratégias para enfrentar a competição com os produtos chineses. A principal alternativa é o investimento em qualidade e design dos produtos. Ainda assim, 10% das grandes empresas brasileiras já produzem com fábrica própria na China, como resposta à concorrência com empresas chinesas pelos mercados doméstico e internacional. A sondagem, foi realizada entre os dias 4 e 19 de outubro do ano passado com 1.529 empresas.
Valorização cambial
Como o yuan tem sua cotação atrelada ao dólar, a valorização do real em relação à moeda americana tem sido o fator mais determinante para que produtos brasileiros percam mercado para os chineses tanto no mercado internacional quanto no doméstico, na avaliação do gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. De acordo com sondagem divulgada há pouco pela entidade, 67% das empresas exportadoras brasileiras que competem com companhias chineses perderam clientes no mercado externo, enquanto 45% da indústria nacional que enfrenta essa concorrência perderam participação no mercado interno.
Segundo Castelo Branco, o aumento da concorrência nos últimos anos está diretamente ligado ao preço dos produtos chineses. O economista lembrou que os custos de produção no país asiático são consideravelmente menores do que os brasileiros por diversos motivos: os menores salários e encargos sobre a folha de pagamentos, taxas de juros mais favoráveis, menor tributação e burocracia para exportação, menores exigências de conformidade para os produtos, melhor eficiência de infraestrutura e maior escala de produção.
No entanto, destacou Castelo Branco, apesar desses inúmeros fatores estruturais que dão vantagem à China no comércio internacional, a concorrência com os chineses aumentou justamente a partir do momento em que o câmbio brasileiro acelerou sua valorização. “As dimensões estruturais pouco mudaram nos últimos anos, a grande alteração está na valorização do nosso câmbio. Esse é o fator mais determinante para o aumento da concorrência e da penetração dos produtos chineses”, avaliou.
Para o executivo, além da ampliação das estratégias para enfrentar a competição com a China, seja por via de redução dos custos e investimentos em qualidade e design, é preciso enfrentar a questão cambial. “É preciso ter menos dependência da taxa de juros para controle da inflação, pois o diferencial de juros brasileiro favorece a entrada de dólares no País e pressiona ainda mais a cotação da moeda. E se a gente não avança nas agendas de competitividade em uma velocidade adequada para enfrentar essa concorrência, o quadro se torna mais preocupante”, completou.