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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A delinqüência intelectual de Chico Buarque

Chico Buarque também acha que a política brasileira deve ser tratada como a Geni de sua música. Ele está com Paulo Betti. Daí que vote, claro, em Luiz Inácio Lula da Silva. Não é de espantar. Ele faz coisa muito pior, como defender o regime homicida de Cuba, por exemplo. Faz coisa ainda pior: pretende-se […]

Por Reinaldo Azevedo 29 ago 2006, 05h48 • Atualizado em 31 jul 2020, 23h16
  • Chico Buarque também acha que a política brasileira deve ser tratada como a Geni de sua música. Ele está com Paulo Betti. Daí que vote, claro, em Luiz Inácio Lula da Silva. Não é de espantar. Ele faz coisa muito pior, como defender o regime homicida de Cuba, por exemplo. Faz coisa ainda pior: pretende-se o branco de olhos verdes bastante procurador dos oprimidos brasileiros. E está sempre disposto a denunciar a violência da elite branca e perniciosa, como um Cláudio Lembo de sobrancelhas aparadas, entre um café e outro, um jogo de futebol e outro, em Paris.

    Não. Não é ressentimento. A maioria de nós que lê jornal ou tem acesso a meios eletrônicos de comunicação pode ir a Paris se quiser. Ainda que não tenha o mesmo talento de Chico Buarque para fazer música (ao menos para os que gostam). Trata-se de brasileiros que dominam outros códigos, que são bons em outras coisas. E a sua especialidade, qualquer que seja ela, não lhes confere licença para falar bobagem. Chico, há muito tempo, é uma espécie de porta-voz, a despeito de sua brincadeira de gato e rato com a mídia, da suposta boa consciência nacional. É o nosso esquerdista chique de plantão; é o nosso socialismo lírico — como se pudesse haver um; como se tivesse havido um algum dia.

    Ele pode, evidentemente, votar em quem quiser. Só não pode fazer o que fez nesta segunda, conforme relata o Estadão: “Chico Buarque reafirmou que vai votar em Lula e defendeu o músico Wagner Tiso, que disse não se importar com a ética do PT, mas com o jogo do poder. ‘Também já falei bobagem, depois me arrependo.’ Para ele, a posição dos colegas não é a de descartar a ética, mas relatar como é a política no Brasil. ‘Essa é a realidade política.’”

    Entenderam? Primeiro ele diz que foi uma bobagem. Depois ele não apenas justifica como repete o argumento de Tiso e do próprio Paulo Betti. Não há diferença entre dizer “Essa é a realidade da política” — ou seja, a ausência de ética — e a necessidade de “enfiar a mão na merda”. Esse é o Chico Buarque de “Apesar de você/ amanhã há de ser/outro dia”. Essa deve ser a “enorme euforia” que ele vislumbrava em suas músicas quando acabasse a ditadura. Esse é o cantor do “Vai passar/pela rua um samba popular”. Esse é o “poeta” daquela cafonice chamada Cálice, em parceria, diga-se, com Gilberto Gil, em cuja casa se deu aquele jantar. É a utopia imaginada pelo crítico social que via os operários caindo do andaime “na contramão/ atrapalhando o tráfego”.

    Já escrevi outras vezes. Acho que ele tem letras líricas até razoáveis, com certo domínio do verso. Suas composições políticas, como quase toda arte engajada, são um lixo. Já eram a seu tempo. Valiam pela mística da resistência. Mas agora olhem o mal de que essa gente é capaz. Claro, a classe média engajada vai embevecida a seus shows. Os jornais se rasgam em elogios e lhe concedem espaços generosíssimos, como se um intérprete singular do Brasil estivesse falando. É nada. Bom era seu pai, Sérgio Buarque de Holanda, na obra que transita entre a história, a sociologia e a antropologia. A única besteira que fez foi fundar o PT. Mas Raízes do Brasil, Visão do Paraíso e Cobra de Vidro são livros que merecem ser lidos.

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    Durante algum tempo, Chico foi próximo do antigo Partido Comunista Brasileiro, o “Partidão”. Era até meio careta. Representava uma certa oposição, por exemplo, ao movimento tropicalista, que se queria mais internacionalista e menos engajado naquele misto exótico de nacionalismo e esquerdismo que acometia o Brasil — era mais um dos nossos “nativismos”. De todo modo, o pecebão reunia alguns intelectuais, gente que tinha lido mais de dois livros — ainda que errados. Com o tempo, Chico, como todos nós, foi ficando velho. E ficou precocemente gagá. Se o PT já era uma espécie de delinqüência intelectual no terreno da própria esquerda — isso quando ainda se queria puro (nunca foi) —, imaginem hoje, depois de tudo.

    Suas declarações, tanto a de voto como a que perdoa Wagner Tiso, são dadas no mesmo dia em que vêm a público gravações que sugerem que Delúbio Soares, que continua petista, sim, senhores, pode ter comandado um esquema de R$ 15 milhões só na Saúde.

    Grande coisa! Se Chico defende Fidel Castro — e ele defende —, por que iria se incomodar com isso? Quem é capaz de condescender com a execução sumária, sem direito a julgamento, de opositores do regime cubano, por que iria se incomodar com a bagatela de R$ 15 milhões — ou de R$ 40 milhões, arrancada aos pobres dos andaimes? A ideologia não tem preço. Nem limites.

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    A volta de Chico Buarque converte-se, assim, num emblema. Ela fecha um ciclo. Serve de trilha sonora das utopias da esquerda brasileira. Era isso o que ela queria. “Joga pedra na Geni. Ela é feita pra apanhar. Ela é boa de cuspir. Maldita Geni!

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