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A crise se adensa; Renan aproveita erro de Janot e parte para a briga

Presidente do Senado resolveu cozinhar por mais algum tempo um pedido de impeachment do procurador-geral

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h30 - Publicado em 16 jun 2016, 07h29

A crise vai se adensando. E é inegável que há muita gente querendo fazer malabarismo à beira do abismo. O pedido de prisão de José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, encaminhado por Rodrigo Janot e recusado pelo ministro Teori Zavascki, abriu a caixa de Pandora. Os monstros estão todos à solta, e as ações para inviabilizar o país vão se multiplicando. É evidente, e eu o apontei aqui desde a primeira hora, como sabem, que Janot cometeu um erro muito grave ao tomar aquela decisão.

A razão é simples: os crimes de que o também criminoso Sérgio Machado acusa o trio são graves, mas, como observou Zavascki, não davam motivos para prisão — não nessa fase. As falas que vieram a público, gravadas por Machado, tampouco caracterizam obstrução da investigação ou da Justiça.

O relator do petrolão do Supremo negou as prisões, mas levantou o sigilo da delação. Fez muito bem. Os vazamentos seletivos estavam em toda parte. E aí veio à luz a lista de políticos que teriam recebido recursos do esquema. Numa denúncia de amplo espectro, Machado acusa também Aécio Neves por supostos malfeitos praticados em 1998, pré-petrolão.

O pedido feito por Janot veio em meio à indignação generalizada com os métodos a que recorreu Machado e, por extensão, o Ministério Público. Nunca ninguém sabe hoje quando pode estar sendo gravado por alguém com intenções de fazer delação premiada, livrando o próprio pescoço e tentando entregar o do outro à guilhotina.

Não custa lembrar que, não fosse Zavascki ter barrado, a delação de Delcídio teria sido mantida em sigilo por seis meses, período no qual ele se dedicaria a gravar seus pares. Convenham: não é um método dos mais ortodoxos e incontroversos de produzir provas, não é mesmo?

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Renan está indignado e discursou nesta quarta. Acusou o Ministério Público Federal de ter perdido “os limites constitucionais, do bom senso e do ridículo”. Classificou os pedidos de prisão de esdrúxulos e deixou para decidir no dia 22 sobre um pedido de impeachment de Janot apresentado por duas advogadas.

Elas acusam o procurador-geral de ter agido com parcialidade: teria usado de extrema dureza contra Sarney, Jucá e o próprio Renan, mas, em situação análoga, não agiu do mesmo modo com Lula e Dilma. Bem, acho que isso é, sim, verdade, mas entendo que pedir o impeachment de Janot é um despropósito.

Quem propõe palavras de lucidez em meio à guerra? Até agora, como se nota, ninguém! Só há incendiários na praça. Constatados o exagero e o erro do Ministério Público, o desejável seria que os procuradores aguardassem com serenidade a decisão de Zavascki. Nada disso! Deltan Dallagnol concedeu duas entrevistas desastradas e desastrosas, anunciando que todo o establishment político está querendo sabotar a Lava-Jato e que os brasileiros só têm um ente a seu favor: o Ministério Público.

A Lava-Jato goza de todas as prerrogativas de que precisa para fazer um trabalho decente. A investigação avança. Políticos os mais graúdos de quase todas as legendas estão sob investigação. Já há condenações de empresários. Pergunto: onde é que está o cerceamento?

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É quando o Ministério Público Federal extrapola as suas funções e passa a falar uma linguagem política que as coisas começam a se complicar. É sempre sedutora a ideia de se passar o país a limpo. Mas cabe a pergunta: segundo quais regras?

Ah, sim: como não poderia deixar de ser, a associação dos procuradores emitiu uma nota em defesa de Janot, repudiando pressões políticas contra a Lava-Jato. Quais pressões? Dispensam-se guerrinhas corporativistas a esta altura do campeonato.

Não descerá do céu um ser iluminado para dar resposta à crise. Tampouco existe solução que esteja fora da Constituição. Por enquanto, sobra voluntarismo, e falta juízo.

Texto publicado originalmente às 4h12
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