A corrupção da vontade
Alguns leitores habituais deste blog, gente do e de bem, protestaram contra os posts em que lembrei — ou melhor: eu, não, mas Edmund Wilson — a intimidade de Karl Marx, o próprio, com o capeta. Na velhice, seu apelido era Old Nick. Um filho o chamava de “diabo”. Acham que estou dando um tratamento, […]
Costumo classificar algumas coisas de “demoníacas”. Não, não penso em nenhuma figura horripilante, escondida em pele de carneiro, a disfarçar seu cheiro de enxofre para seduzir incautos. Penso em armadilhas mentais que nos fazem abrir mão de nossa liberdade e de nossa individualidade em nome do “bem da humanidade”, aquela em benefício da qual, como se sabe, Marx dizia pensar, escrever e atuar politicamente.
E, no entanto, é o criador de um sistema que fez da morte um acelerador da história. Não se enganem: Lênin e Stálin seguiram direitinho o roteiro.
O demônio, também o das religiões e o da literatura, faz-nos duvidar de nós mesmos, de nossas convicções, do desvelo com aquilo ou aqueles a quem amamos. E não o faz sem nos prometer delícias — na literatura, como em Fausto, de Goethe, a queda é sempre sedutora e instrutiva, embora também haja vítimas. O diabo, o de qualquer discurso, nos diz constantemente que o erro é só o caminho mais curto para o acerto; que pode haver virtude na morte e no crime se, ao fim, há amanhãs que cantam, anunciando uma nova aurora; que tudo aquilo que nos faz ser o que somos em liberdade, autoconsciência e poder de escolha responde pela falência do mundo.
O diabo é o guarda da cadeia que aprisiona a nossa vontade e que nos torna simpáticos a nossos algozes. Ele nos cobra que reconheçamos os motivos justos dos que querem nos destruir ou nos desmoralizar. Ninguém precisa ser religioso para reconhecer a sua nefasta presença. Aliás, ele costuma dar mais plantão na política do que nas igrejas.
Dizem, por exemplo, que demonizo os petralhas. Errado. Eu só os denuncio. Eles já são a própria política demonizada, corrompida pela má consciência e pelos crimes “necessários”.
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