“Prefiro o superávit nominal”
O Estadão desta quinta traz um bom material sobre as saídas para a economia no próximo governo. Abaixo, uma entrevista com Luiz Carlos Mendonça de Barros. Por Leandro Modé.(…)Por que o Brasil cresce pouco?Porque somos uma das economias menos competitivas do mundo. Isso ocorre por três razões. A primeira é que temos uma carga tributária […]
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Por que o Brasil cresce pouco?
Porque somos uma das economias menos competitivas do mundo. Isso ocorre por três razões. A primeira é que temos uma carga tributária muito elevada, que decorre dos nossos problemas fiscais. A segunda razão é a péssima qualidade da nossa infra-estrutura econômica: estradas, portos etc. Em terceiro lugar, temos um péssimo ambiente de negócios.
O que fazer para melhorar essas três questões?
A carga tributária resulta do nível de gasto do governo. Para isso, é preciso haver maior racionalidade. Agora, o que fazer para reduzir gasto do governo é uma coisa que você precisa estar lá para saber o que vai fazer. Precisa saber as condições políticas que vai ter. O que tem de ter é isso como norte. Na infra-estrutura, precisa abrir no orçamento um espaço para o governo voltar a investir 2,5% do PIB. Ou então, por meio de parcerias público-privadas (PPPs) e outros instrumentos, chamar a iniciativa privada. A terceira questão remete à agenda perdida, que deve estar na gaveta de alguém no Ministério da Fazenda. São as reformas microeconômicas, que o governo Lula só fez uma, a Lei de Falências um pouco mais moderna.
Concorda com o tripé câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário?
Sou a favor do câmbio flutuante sujo, como hoje, das metas de inflação, com mudanças pontuais, mas o superávit primário foi um engodo como medida de política fiscal. Prefiro superávit nominal.
E controle de capitais?
Sou contra porque não funciona. O mundo de hoje é muito permeável.
O real está sobrevalorizado?
Sim, está relacionado ao superávit comercial. A solução é crescer mais para usar os dólares para importar máquinas e componentes para tornar as empresas mais eficientes. Se não resolver esse problema, a indústria vai desaparecer.
Seu diagnóstico, em alguns pontos, é semelhante ao de Nakano.
Estou sempre no meio. Você nunca vai achar outro igual a mim no mundo. Como não tenho coisa preconcebida na cabeça, quero entender o que está acontecendo.
O senhor tem contribuído com o programa do candidato Alckmin?
Ajudei no começo, mas saí.
Por quê?
Havia muita divergência nas opiniões levadas ao candidato e eu não gosto. Meu irmão (José Roberto) tem ajudado.
O juro no Brasil é alto demais?
É, por um erro do BC. Eles não entenderam que, com a sobra de dólar, a dinâmica de inflação é outra, muito baixa.