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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

“Pede pra sair, Turnowski!” E ele pediu!

Caros, Escrevi o texto que segue abaixo na madrugada e o programei para entrar no ar às 13h01. Como vocês verão, ele deixa claro por que Allan Turnowski, o chefe da Polícia Civil do Rio, tinha de ser demitido. O título original era este: “A Polícia do Rio vive um momento delicado: o risco é […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h50 - Publicado em 15 fev 2011, 13h01

Caros,
Escrevi o texto que segue abaixo na madrugada e o programei para entrar no ar às 13h01. Como vocês verão, ele deixa claro por que Allan Turnowski, o chefe da Polícia Civil do Rio, tinha de ser demitido. O título original era este: “A Polícia do Rio vive um momento delicado: o risco é o mocinho virar bandido e o contrário. Vamos ver até onde vai a coragem e o poder de Beltrame. Com a palavra, Cabral!”. Pois bem! Cinco minutos depois de o post entrar no ar, Turnowski “pediu pra sair”. Leiam. Ainda voltarei ao tema ao longo do dia. Deixarei o post como estava.

*
Este é um post sério! Muito sério! E dos mais importantes escritos aqui. E os coleguinhas perceberão que está cheio de pistas. Basta segui-las. Ontem, todos vimos que, a partir de uma suposta carta anônima recebida em casa, o delegado Allan Turnowski, chefe da Polícia Civil do Rio, entregou à Corregedoria Interna documentos que apontam supostas irregularidades na Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), cujo titular é (ou era) outra estrela da área de segurança do estado, o delegado Cláudio Ferraz. O documento teria sido entregue na casa de Turnowski na manhã de ontem. No fim da tarde, a Draco já estava lacrada. Nunca antes na história do Rio se viu ação tão rápida!

Eu me interessei por essa história, conversei com algumas pessoas, recorri a coisas que havia lido. O resultado disso tudo é o seguinte: gente da maior seriedade me assegura que Cláudio Ferraz, o delegado humilhado ontem por Turnowski, o chefão da Polícia Civil, é um profissional decente. Sob a sua coordenação, mais de 400 milicianos foram presos. Apurei também que José Mariano Beltrame gosta de seu trabalho e o tem na cota de um homem honesto. Ele colaborou com a Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que desbaratou parte ao menos de uma quadrinha coalhada de policiais, que aproveitou a ocupação do Complexo do Alemão para saquear, roubar, extorquir… Na operação, foram presos os delegados Carlos de Oliveira e Márcia Becker, ambos da cúpula da Polícia Civil. Os dois são aliados de Turnowski —  o que não quer dizer que o chefe da Polícia Civil estivesse ou esteja necessariamente envolvido com crimes. Falo um pouco da Operação Guilhotina e retomo o fio.

A Operação Guilhotina foi deflagrada pela PF em 2009, quando vazou uma operação da Polícia do Rio que buscava prender chefes do tráfico de drogas da Favela da Rocinha. A história está contada em detalhes no capítulo 16 do livro “Elite da Tropa 2″, de Luiz Eduardo Soares, André Batista, Rodrigo Pimentel e… Cláudio Ferraz! — sim, o próprio delegado. Há pouco, mandaram-me um link do jornal Extra, do Rio, afirmando que Ferraz está sendo investigado pela “Operação Guilhotina”. Não! Ele não está! Ele foi o investigador. Foi alvo de uma ação desfechada por Turnowski a partir de uma “carta anônima”, o que é coisa bem diferente. Sigamos.

Foi Cláudio Ferraz quem, investigando as milícias chegou a Carlos de Oliveira, então braço-direito de Turnowski — lotado, até a sua prisão, calculem vocês!, na Subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) da Prefeitura do Rio, para onde tinha sido transferido. Ferraz não sabia o que fazer: era candidato a presunto. Foi aí que a PF entrou na operação e começou a investigar Oliveira e seu grupo.

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Reitero: a Polícia Federal não obteve nenhuma prova contra Allan Turnowski, mas não dá para fazer de conta que o grupo que o acompanhava havia mais de 10 anos não está no xilindró. Parece-me que Beltrame teria, se é para valer o combate ao crime no Rio, que dizer ao chefe da Polícia Civil, estrela muito falante durante a ocupação do Complexo do Alemão, que seu tempo no comando acabou. Antes de ocupar esse posto, ele foi diretor geral das delegacias especializadas durante seis anos. Foi nomeado por Álvaro Lins, um antecessor seu que está na cadeia.

Quando, no governo, Turnowski chega à chefia da Polícia, nomeia como subchefe justamente Carlos de Oliveira, o que está preso — aquele que tinha sido investigado por Cláudio Ferraz e pela PF. Em 2010, o chefe sentiu cheiro de carne queimada e começou a se afastar um pouco dos aliados. Oliveira foi, então, para a tal secretaria da Prefeitura por vontade de Sérgio Cabral, o governador — porque também é o governador, e não José Mariano Beltrame, quem mantém Turnowski no cargo.  Cabral considera que ele é um homem que sabe tudo…

Vejam bem: um ex-chefe (Álvaro Lins) e um ex-subchefe (Carlos de Oliveira) da Polícia do Rio estão em cana. Isso da conta da contaminação da instituição pelo crime organizado. Nesse ambiente, toda prudência é sempre pouca, sei disso. Ocorre que pessoas com as quais falei, gente da maior seriedade, acha que Cláudio Ferraz é um policial  decente. Essas pessoas temem que a ação de que ele é vítima agora seja uma retaliação por ter cumprido a sua função.  Se for assim e se prosperar, pobre Rio de Janeiro!

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