“Ó fraudulento gosto, que se atiça…”
A propósito de homens e instituições e de pessoas que lutaram contra a ditadura, divido com vocês um e-mail que foi enviado a VEJA por ninguém menos do que Jorge Lorenzetti, aquele que, a despeito do bigode notório e eloqüente, foi acusado de ser o cérebro da tramóia do dossiê. É um dos que Lula […]
Faz tempo que não gasto um centavo comprando VEJA e nem perco meu tempo com o jornalismo nazista da revista.
Mesmo assim, amigos me enviaram, hoje, a edição dessa semana, mais uma vez indignados com as mentiras requentadas a meu respeito.
Sinceramente, não acredito que essa minha manifestação tenha qualquer efeito, a não ser nagativo, para mim.
VEJA sabe que desde março de 2005 não tenho nenhuma relação com a UNITRABALHO. VEJA sabe que a minha função na UNITRABALHO até 2005 era de responsável pelas relações internacionais e que assim, não tive participação em nenhum, isso mesmo, nenhum projeto com o governo LULA. Desafio a VEJA a encontrar um gesto meu a favor de projetos, para a UNITRABALHO, no governo LULA. Bobagem, pois VEJA não é jornalismo sério, repito, infelizmente.
Nunca fui churrasqueiro do LULA. Sou um brasileiro com história contra a ditadura militar e em defesa da democracia e cidadania para todos no Brasil e isso, com certeza, incomoda a VEJA.
Não vou falar do Mainardi porque esse é um psicopata consagrado.
Deve haver alguém digno na VEJA ou já saíram todos e ficaram só os podres?
atenciosamente,
Jorge Lorenzetti.
Parte do e-mail vocês conheciam. Diogo já tratou do assunto no podcast. Eu só o publico aqui porque notem que também o churrasqueiro evoca a sua “história contra a ditadura militar”. Eis aí: esse passado é uma espécie de redutor de danos do presente. Sempre que alguém é pego no pulo, evoca: “Lutei contra a ditadura”. Deveria entrar com um pedido de indenização e pensão, a exemplo de seu chefe. Eu também lutei contra a ditadura e não saio por aí me metendo em dossiês fabricados por pilantras.
Esses caras são engraçados: nunca lêem a VEJA. Sempre ficam sabendo o que sai na revista por meio de algum amigo. Alimentam um delírio: o de que decresce o número de leitores da revista. Infelizmente pra eles, acontece o contrário. Nunca foi tão grande. Também nesse caso, duvide sempre do que diz um petista, hehe: a verdade costuma estar no avesso. Quanto a Goebbels, o expoente da propaganda do nacional-socialismo, cabe uma investigação histórica. Onde estão os herdeiros das taras totalitárias do século passado: entre os liberais ou entre os expoentes da nova classe social do “estato-sindicalismo” de onde vem Lorenzetti? A resposta é óbvia.
Uma rápida pesquisa no Google, que remeterá a reportagens dos mais diversos veículos, não apenas às de VEJA, evidenciará os vínculos do Bigodão com a Unitrabalho — vocês sabem o que penso da parceria ONGs-PT — e qual foi o seu papel no episódio do dossiê fajuto. Vou escrevendo aqui e pensando nessa gente. Ocorre-me, ainda que o contexto seja outro, um trecho da fala do Velho do Restelo, d’Os Lusíadas (Canto IV, estrofe 96):
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Eis aí. A “glória de mandar” e a “vã cobiça” não se conformam que possa existir uma imprensa livre no Brasil, que não cumpra os desígnios de seus delírios de poder. Daí o esforço permanente, que ontem sofreu um derrota importante com a mudança da portaria da classificação indicativa, de censurar a imprensa.
Lorenzetti parece se ofender: “Nunca fui churrasqueiro de Lula”. É claro que foi. Mas isso é o de menos. Não desonra ninguém se a carne não foi comprada com uma das notas frias que engordam nos pastos de Renan Calheiros. O homem parece se ofender mais com isso do que com a acusação de que foi um dos mentores da tramóia do dossiê. Cada um sabe o que desabona a sua reputação, não é mesmo?
De qualquer modo, temos agora um fato público. VEJA não é da confiança de Lorenzetti. Ele certamente prefere outra revista.