“Explicar” não é sinônimo de “negar”
Vejam texto do Estadão desta sexta. Volto depois: O texto em que Bento XVI condena o divórcio teve interpretação diferente de bispos brasileiros. O presidente da CNBB, d. Geraldo Majella, disse que apesar de a tradução em português do texto papal distribuída pelo Vaticano usar a palavra “praga” para tratar do problema, no original em […]
O texto em que Bento XVI condena o divórcio teve interpretação diferente de bispos brasileiros. O presidente da CNBB, d. Geraldo Majella, disse que apesar de a tradução em português do texto papal distribuída pelo Vaticano usar a palavra “praga” para tratar do problema, no original em latim aparece a expressão “plaga”. “Plaga não é a mesma coisa que praga. Se traduz por ferida, uma ferida aberta”, disse d. Geraldo. Já o novo arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, disse que “plaga, no sentido bíblico, já foi usada em outras situações. É praga no sentido de um mal que se alastra, mas em momento algum o papa chamou de praga os casais em segunda união”.
Voltei
A CNBB se pronunciou ontem, como se vê abaixo. E deixou claro: o papa falou em “ferida” — em chaga. Mas jornalistas — sou um deles — detestam admitir que podem ter cometido um erro; ou, no caso, caído em um erro coletivo. Por isso, o título do texto do Estadão é o seguinte: “Bispos explicam o termo ‘praga’”. Como assim?
De maneira inequívoca, o plural não cabe. Dom Geraldo Majella NEGOU, com todas as letras, que o papa tenha dito “praga”. Não “explicou” nada. Leiam lá: “Plaga não é a mesma coisa que praga”. Nem mesmo se pode dizer que foi ambíguo. Dom Odilo falou de maneira mais genérica, mas também refutou que o papa tenha chamado os casais em segunda união de “praga”. Então, os bispos NEGARAM o uso do termo “praga”. Por que a resistência? Santo Deus! Não querem levar a sério o dicionário, o contexto, a imagem cristã da “chaga” ou o que disse o Reinaldo Azevedo, “esse mala carola”, sejam ao menos fiéis ao que as pessoas disseram.