“Eu conheço bem você, viu, meu bem? Boi preto conhece boi preto”

Se vocês procurarem no arquivo, verão que já citei a metáfora zoológica de Clodovil — “Boi preto conhece boi preto” — outras vezes. Tem a sua graça. Eu não sabia que ele havia dito isso numa entrevista que concedeu ontem a Paulo Henrique Amorim (aquele que me quer dirigindo uma emissora pública de TV…), o que me foi informado por um leitor, num comentário. O trecho é este (só dei um tapinha na pontuação, que estava de lascar):
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Paulo Henrique Amorim – Diga uma coisa: se, por acaso, o eleitor escolher Clodovil Hernandes para prefeito de São Paulo, o prefeito vai proibir a Parada Gay?
Clodovil Hernandes – Não, não vou proibir. Eles não entendem nada do que eu falo. É como se eu falasse mal dos negros tendo a pele escura. Não sou nenhum analfabeto, nenhum imbecil. Eu quis dizer que não tenho orgulho de ser o que eu sou, eu tenho orgulho de ser quem eu sou. Tenho pai para respeitar, que morreu, mas está vivo na minha vida… Minha orientação… Tenho mãe, e eu respeito muito as mulheres. Curiosamente, ninguém acredita quando eu digo “sou apaixonado por mulher”…
Paulo Henrique Amorim – Dê um exemplo…
Clodovil Hernandes – Eu vim ao mundo para enfeitar as mulheres, meu filho.
Paulo Henrique Amorim – Não, dê um exemplo de mulher por quem você é apaixonado.
Clodovil Hernandes – Não falei isso, você está querendo fazer gênero! Por favor, Paulo, nós já conversamos isso outro dia lá na varanda de casa. Eu te recebi muito bem. Mas aqui é um Parlamento. A minha casa é de qualquer pessoa viva, mas o Parlamento, eu trato como ele é… Eu não venho aqui de brilhante, não venho aqui para dar pinta, nada. Eu estou explicando aqui meu conceito de sexualidade. Leonardo da Vinci era. Santos Dumont era. Mas eu não vi estes caras vestidos de mulher, no meio da avenida, de bigode, fumando maconha, transando embaixo de uma bandeira. Isso é desrespeito! É afrontar a mãe e o princípio da família! Agora, se eu estiver errado, você me desculpe, mandem matar os pais dos gays porque foram paridos por pessoas normais. Mesmo porque não importa se é gay ou não, não tenho nada contra eles, jamais. Agora, eu não me presto para ser palhaço!
Paulo Henrique Amorim – Eu sei. A minha pergunta foi só…
Clodovil Hernandes – Não, não, eu conheço bem você, viu, meu bem? Boi preto conhece boi preto…

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