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Grandes negócios e tendências do mercado imobiliário. Renata Firpo é publicitária, consultora imobiliária e advogada pós-graduada em Direito imobiliário
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As surpresas e novidades do maior edifício residencial da América Latina

Segundo o último censo, o emblemático Copan tem mais moradores que 254 municípios do Brasil

Por Renata Firpo
Atualizado em 14 Maio 2024, 00h19 - Publicado em 13 jul 2023, 09h30

Quando Oscar Niemeyer projetou o Edifício Copan talvez já imaginasse que estaria criando um novo cartão-postal para a cidade de São Paulo. E foi o que aconteceu. As curvas do edifício inaugurado na segunda metade dos anos 60 rapidamente se tornaram um marco na paisagem da metrópole. O que o genial arquiteto não previa é que o conjunto seria capaz de ostentar até hoje o título de condomínio residencial mais populoso da América Latina. Para além dos seus números impressionantes, a trajetória do endereço ao longo dos anos reflete um pouco a história da cidade.

Quando a Companhia Pan-Americana de Hotéis (Copan é a abreviatura do nome da empresa) encomendou o projeto no início dos anos 50, o centro de São Paulo era sinônimo de status e glamour. Homens de terno e gravata frequentavam os grandes cinemas da época e as mulheres de vestidos desfilavam pelas ruas da região, emulando o estilo parisiense. Inicialmente, o Copan seria uma torre de 900 unidades residenciais e uma outra com 600 quartos de hotel, interligados.

Diante da demora com liberação de alvará de construção e problemas financeiros, o Banco Bradesco comprou os direitos construtivos do empreendimento e a primeira fase da obra foi concluída em 1966. O trabalho acabou sendo finalizado completamente em 1972, sem o hotel e com mais unidades residenciais, perfazendo um total de 1160 apartamentos. Surgiram imóveis para todos os bolsos e gostos,  quitinetes de 30 metros quadrados até apartamentos com mais de 400 metros quadrados, separados por seis blocos ligados pelo piso. Uma curiosidade: em função da demora, quem assumiu a execução da obra foi o arquiteto Carlos Lemos, já que Niemeyer seguiu para Brasilia.

Mesmo com o lançamento tendo acontecido tardiamente, o atraso não tirou o brilho do Copan, que se tornou o metro quadrado mais valorizado da cidade na ocasião. Todo mundo queria morar no icônico prédio modernista, que chama atenção pela sua curva de concreto, uma homenagem ao til sobre a letra “a” de “São Paulo”, uma leveza dentro de tantas linhas retas do centro da cidade. Até hoje, sua arquitetura chama atenção pela originalidade da forma e material, tão vanguardista e atemporal.

Com a migração do centro financeiro de São Paulo para a Paulista e posteriormente para a região da Faria Lima, o Copan entrou em uma fase decadente, sobretudo com a desvalorização do entorno que ficou associado a espaço de assaltos, mendicância e tráfico. Muitas tentativas de revitalização do centro seguem até hoje e o Copan acompanhou esse movimento. De uns tempos para cá, foi redescoberto por novas gerações e, de certa forma, recuperou seu brilho e se tornou uma ilha de prestígio e de admiração em meio ao ainda complicado cenário do bairro.

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No térreo do prédio, a galeria tradicionalmente ocupada por cabeleireiros e lavanderias está cheia de novas lojas descoladas e restaurantes concorridos, como o famoso Bar da Onça, da premiada chef Janaína Rueda. Este ano ressurge no condomínio a abertura de escritórios no piso do mezanino, sem uso definitivo desde 2021. Previsto no projeto de Oscar Niemeyer essa laje de escritório de 450 metros quadrados, que já foi utilizado pela Telesp e pela RiHappy, começa a abrigar sedes de escritórios de empresas modernas, como o braço brasileiro do Greenpeace, que vai se instalar no local ainda este mês de julho.

Essas ações de ressignificação do centro paulistano, as marcas do térreo e a nova ocupação corporativa do mezanino do edifício contribuem para uma nova cara do Copan, mas é a parte interna do prédio, com sua diversidade de habitantes, que mexe com a curiosidade das pessoas. Segundo a administração do edifício, são mais de 5 000 moradores de diversas classes sociais, idades e estilo de vida, o que acabou indo ao encontro do sonho do arquiteto, que projetou o prédio para pessoas de todas as esferas da sociedade brasileira. Um desses moradores é Affonso Celso Prazeres, sindico do prédio desde 1993, quando o edifício estava à beira da interdição por parte da prefeitura e segue seu mandato com status de prefeito, título que faz jus a sua função, já que, a partir dos dados do Censo 2022 divulgado pelo IBGE no final do mês passado, o Copan tem mais unidades habitacionais que 254 municípios do Brasil. Não por acaso, o endereço tem até CEP próprio.

Quem quiser conhecer mais desse projeto tombado por sua importância cultural em 2012 pode fazer uma visita de segunda a sexta feira que leva até o rooftop e conferir a beleza da vista da cidade em uma vista panorâmica de tirar o fôlego.

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