Vaga em ministério de Lula abre guerra nos bastidores do União Brasil
Após ser anunciado por Gleisi, Pedro Lucas Fernandes hesita em assumir Comunicações e entregar liderança do partido a Juscelino Filho, denunciado pela PGR

A vaga aberta na Esplanada de Lula com o pedido de demissão de Juscelino Filho, denunciado pela PGR sob acusação de desvio de emendas parlamentares, abriu uma batalha nos bastidores do União Brasil. Depois de Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) anunciar, há doze dias, o líder do partido na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, como novo ministro das Comunicações, a tendência, hoje, é que ele recuse o convite.
Um dos principais motivos para a hesitação é que a mudança abriria espaço para o próprio Juscelino herdar a liderança da bancada, movimento que está longe de ser unanimidade entre os demais deputados da legenda, a terceira maior da Câmara, com 59 representantes, e até entre os caciques do partido.
O agora ex-ministro das Comunicações é aliado próximo do presidente Senado, Davi Alcolumbre, fiador de sua indicação para a Esplanada no início deste governo Lula 3. Já Fernandes é homem de confiança do presidente nacional do partido, Antonio de Rueda – e ambos avaliam ser mais importante manter a unidade da bancada sob a liderança do atual detentor da função do que alçá-lo ao Poder Executivo.
Como quase tudo em Brasília, há também uma disputa política local no pano de fundo da briga interna. Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes são adversários paroquiais no Maranhão. Líderes de bancadas controlam as indicações do dinheiro das emendas parlamentares de comissões da Câmara e costumam ficar com uma fatia maior do que os demais deputados. Nenhum dos dois deixará de fazer esse cálculo político a um ano e meio das eleições de 2026.
A indefinição sobre o Ministério das Comunicações, que vai completar duas semanas nesta quinta-feira, escancara ainda a crise na relação do União Brasil com o governo Lula, que sai enfraquecido do processo, seja qual for o seu desfecho.