Remédios indicados por Bolsonaro contra Covid-19 lideraram buscas em 2020
Ivermectina, Azitromicina, Hidroxicloroquina e Annita foram campeões de buscas na plataforma Consulta Remédios
Eis um dado capaz de medir o impacto na população da desinformação reinante no governo sobre métodos de cura ou combate ao coronavírus.
Dados da plataforma Consulta Remédios mostram que, mesmo sem qualquer comprovação científica de eficácia, os medicamentos equivocadamente recomendados pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu governo contra a Covid-19 lideraram o interesse de compra do consumidor em 2020.
Os remédios Ivermectina, Azitromicina, Hidroxicloroquina e Annita, amplamente atribuídos como parte do “tratamento precoce”, estão no topo da lista de mais buscados.
Conforme dados da plataforma que conta com mais de 120 milhões de usuários cadastrados, a Ivermectina somou 9.293.076 buscas no ano passado e foi seguida pela Azitromicina, com 3.590.608 buscas.
Em terceiro lugar, a hidroxicloroquina, com 2.768.334 buscas; depois, a dexametasona, com 2.682.689 buscas; e a prednisona, com 2.249.605 buscas. Em sexto lugar, a annita, com 2.232.544 buscas. Os dados não mostram quantas dessas pesquisas resultaram na compra efetiva do medicamento, mas mostram como a desinformação propagada pelo governo teve o poder de mobilizar os brasileiros em torno dos supostos medicamentos milagrosos.
No ranking de medicamentos mais clicados e direcionados para os sites das farmácias, onde a venda é concluída, a ivermectina também lidera, com 284.812 unidades. Completam o pódio o xarelto, com 156.996 unidades e o reuquinol, com 69.646 unidades.
Segundo a farmacêutica do Consulta Remédios, Francielle Mathias, a busca por esses medicamentos tem relação com a curiosidade na possibilidade de tratamento para o coronavírus e também pela facilidade de acesso a pesquisas sobre a composição e as compras de forma on-line.
“O aumento da aquisição de Ivermectina foi observado porque a Azitromicina e a Hidroxicloroquina, por exemplo, pertencem a portarias de medicamentos controlados, em que a venda não é permitida de forma on-line”, explica a farmacêutica.