Testemunha relata ‘surpresa’ de Braga Netto com ataques do 8 de janeiro
'Histórico das manifestações dos conservadores era de protestos pacíficos', disse o coronel Oliveira Aires no STF

Chamado a depor no STF como testemunha de defesa de Walter Braga Netto, o ex-ministro de Jair Bolsonaro preso desde dezembro do ano passado por tentar interferir nas investigações do plano de golpe de Estado, o coronel Waldo Manuel de Oliveira Aires disse a Alexandre de Moraes, nesta sexta, que o general da reserva foi pego de surpresa pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“No dia 8 de janeiro, estava com Braga Netto na rede jogando vôlei no posto 6 em Copacabana. Pelo que conversei com esposa dele, dona Katia, eles ficaram sabendo dos atos por telefonema do filho que pediu aos pais que ligassem a TV para ver o que estava acontecendo em Brasília. Para todo mundo foi uma surpresa, não se esperava que aquilo fosse acontecer”, disse Oliveira.
Ainda segundo a testemunha de Braga Netto, a destruição das sedes dos poderes em Brasília não era algo esperado em “manifestações de conservadores”.
“A depredação causou em todo mundo uma certa surpresa, porque o histórico das manifestações dos conservadores é de protestos pacíficos”, disse o coronel.
Moraes questionou a testemunha sobre conversas envolvendo o artigo 142 da Constituição, então citado por bolsonaristas como um caminho para que os militares exercessem um certo “poder moderador” sobre as instituições. A interpretação desse artigo, refutada pelo STF, era um mantra entre defensores de uma ação militar contra a posse de Lula em 2022. A testemunha admitiu a possibilidade de ter ocorrido postagens sobre o tema nas redes: “Artigo 142 é constitucional”.
Oliveira, no entanto, negou que conversasse com Braga Netto sobre tais questões. “Sempre evitei conversar com Braga Netto sobre política. Não queria no relacionamento pessoal tocar em assuntos políticos”, disse.