Rivais na luta contra a Covid, Soranz e Terra serão antagonistas na Câmara
Secretário de Saúde de Eduardo Paes e ex-ministro de Jair Bolsonaro estiveram em lados opostos da discussão sobre como conter a doença no país

Daniel Soranz (PSD) e Osmar Terra (MDB) foram nomes que ganharam notoriedade na política nacional durante a pandemia de Covid-19. Os dois tomaram polos opostos na discussão sobre como combater a disseminação vírus. Ambos se elegeram como deputados federais nestas eleições e prometem defender as pautas da área da Saúde na Câmara, ainda que em bancadas rivais.
Soranz se elegeu pelo PSD do Rio. Funcionário de carreira da Fiocruz, ele é secretário de Saúde do governo de Eduardo Paes (PSD) na prefeitura da capital fluminense e comandou a Pasta durante a pandemia. Ele foi defensor do isolamento social e da restrição de funcionamento de comércios, além de ter implantando exigência de comprovante de vacinação para acesso a locais públicos, medidas que foram criticadas por Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, caso de Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania, que defendeu o uso da cloroquina e tratamentos comprovadamente ineficazes contra a doença.
O Radar perguntou a Soranz se ele pretende antagonizar no Parlamento com Eduardo Pazuello (PL), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro eleito pelo PL do Rio e que será seu colega na bancada federal do Estado no próximo mandato. O secretário disse que espera embates, na verdade, com Terra.
“O Pazuello foi ministro da Saúde por acaso. A área dele é a Defesa. Ele deve defender as pautas nessa temática na Câmara, que não são as minhas necessariamente. Eu acho que eu vou antagonizar mais com o Osmar Terra, que é um dos maiores negacionistas desse grupo”, disse ele, que prometeu defender pautas como a reforma administrativa do SUS, a recuperação dos hospitais federais no Rio e a criação do chamado “complexo industrial saúde”, para a produção no Brasil de insumos hospitalares que hoje são em sua maioria importados.
Eleito deputado pelo Rio Grande do Sul, Terra foi ministro da Cidadania de Bolsonaro e secretário de Saúde do RS. Ele disse ao Radar que também pretende antagonizar com Soranz. “Eu não concordo com o Daniel. Ele errou muito [na condução da pandemia]. Se o Rio fosse um país seria um dos com a maior quantidade de mortes proporcionalmente. Eu já fui secretário de saúde por oito anos e coordenei a implantação do SUS no Rio Grande do Sul nos anos 1990. Tenho história para contar”, disse ele.