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Proibido de falar com Torres, Flávio diz: ‘Precisava olhar no rosto’

Senador não fez perguntas e aproveitou depoimento de Anderson Torres no Congresso para prestar solidariedade ao ex-ministro de Jair Bolsonaro

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h56 - Publicado em 8 ago 2023, 17h12
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  • Proibido de ter contato com o ex-ministro da Justiça, o senador Flávio Bolsonaro disse que “precisava olhar no rosto do Anderson (Torres)”, durante a reunião da CPMI do 8 de Janeiro desta terça-feira.

    O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro iniciou sua fala agradecendo ao presidente da CPMI, Arthur Oliveira Maia, e à Advocacia do Senado pelo parecer que lhe garantiu participar da audiência de Torres, apesar da ordem de Moraes. Flávio disse que pôde exercer suas prerrogativas e trabalhar como senador na comissão.

    “A decisão fala em proibição de contato pessoal e individual. Nós estamos aqui num ambiente coletivo, uma comissão. Não me aproximei do ministro Anderson Torres e também não vou dirigir perguntas a ele, como mais uma forma de demonstrar o respeito pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, apesar de não concordar com ela, que eu sequer sei a razão de eu estar num inquérito como esse do 8 de Janeiro. A pessoa que tentou muitas vezes construir pontes com o Judiciário, mas a realidade do Brasil hoje é essa”, declarou.

    “Mas pelo menos eu tenho aqui hoje, eu fiz questão de vir, porque eu precisava pelo menos olhar pro rosto do Anderson, que já queria ter ido há muito tempo, aonde ele estivesse, ter ido dar um abraço, demonstrar minha solidariedade, levar o meu carinho à sua família, às suas filhas, que estudam no mesmo colégio das minhas filhas. Porque eu me coloco no lugar das pessoas. Eu imagino a injustiça que esse cara aí tá sofrendo”, complementou o senador, com a voz embargada e os olhos marejados.

    Ele então disse ficar mais impressionado com a falta de senso de justiça de alguns parlamentares da CPMI que se dizem humanistas e defensores dos direitos humanos, de nem sequer se colocarem no lugar de uma pessoa antes de acusá-la “das maiores atrocidades infundadas, injustas”.

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    “Então pra mim hoje o dia já valeu, por ter visto aqui o rosto do Anderson, tá bem mais magro, e eu confesso que eu fiquei preocupado várias vezes de que algo de pior acontecesse enquanto ele ainda não estava na sua residência. Então é um alívio, Anderson, e eu queria vir aqui para que você ouvisse isso da minha boca, porque sou seu amigo, sofro junto, sofro com a família, porque só quem já passou injustiça, quem já foi perseguido… eu acho que todo mundo teria que passar por isso algum dia pra apontar o dedo pra cara de outro e não se colocar no lugar dessa pessoa”, afirmou Flávio.

    “Como foi dito aqui: você ser preso por algo que você fez, a maioria entende, tô pagando, na linguagem de bandido, ‘perdi’. Não é o seu caso. E hoje é mais um dia de vitória pra oposição nessa comissão. E quem questionava a importância de nós apoiarmos a criação dessa CPMI, eu tenho certeza de que a cada dia tem mais convicção de que nós estávamos certos. Porque a narrativa de golpe mais uma vez cai por água abaixo”, acrescentou.

    Para Flávio Bolsonaro, parlamentares governistas tinham três acusações contra Anderson Torres: a premeditação da viagem durante o atentado, a falta de possibilidade de ação do Ministério da Justiça e a minuta encontrada na casa de Anderson Torres. Segundo o senador, todas as denúncias foram refutadas. 

    “Primeiro, de ele ter premeditado uma viagem. Como foi dito, comprou a passagem em novembro de 2022, com sua família, sua esposa, suas três filhas, e obviamente não podia premeditar no dia 8. E a extrema esquerda descontextualiza, porque, diferente do ministro Flávio Dino, o ministro Anderson Torres não tinha conhecimento da escalada da possibilidade de haver o dia 8”, disse o senador, que, em seguida, leu um boletim das 19h40 do dia 6 de janeiro, informado à CPMI pelo ex-diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, sobre uma “perspectiva baixa de adesão” às manifestações contra o resultado das urnas. 

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    “Isso, nesse horário o então secretário de Segurança do Distrito Federal está a caminho do aeroporto para uma viagem com a sua família”, argumentou. “Isso, diferente do ministro Flávio Dino e do presidente Lula, que às vésperas do dia 8 (…) programa uma viagem-relâmpago para Araraquara. Esse, sim, a gente tem que ter uma suspeita de que sabia e deixou Brasília com a expectativa do que realmente pudesse acontecer dia 8”, seguiu. 

    Flávio ainda associou a organização do 8 de Janeiro a Lula porque seu pai não se beneficiou do atentado à Praça dos Três Poderes: “Qual o benefício do presidente Bolsonaro com o dia 8? Me fala um? Não tem”. 

    A última defesa de Flávio ao amigo preso há mais de 170 dias é de que a minuta de golpe encontrada pela Polícia Federal na casa de Anderson Torres estava disponível na internet. 

    “A terceira é a minuta do Google. Essa minuta do Google, eu não sabia que já no dia 12 de dezembro do ano passado havia a minuta do Google, igual, idêntica à que foi encontrada na casa do ministro Anderson, o que bota por água abaixo qualquer tentativa de imputar a autoria disso, ainda que intelectual. Era um documento que estava público na rede mundial de computadores (…) Qualquer narrativa que foi tentada construir contra Anderson Torres hoje foi por água abaixo por imposição dos fatos e da realidade”, finalizou.

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