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Procuradora: “é dever do Estado gastar recurso com busca de desaparecidos”

Eugênia Gonzaga, que presidiu Comissão de Mortos e Desaparecidos, crítica posição de seu sucessor

Por Evandro Éboli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 set 2019, 13h33 - Publicado em 13 set 2019, 13h33

Ex-presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, a procuradora da República Eugênia Gonzaga rebate os argumentos de Marco Vinicius, que hoje está no comando do colegiado. Ele disse que que o governo destinou recurso demais para busca de desaparecidos políticos para um retorno – identificação de ossadas – muito baixo.

Eugênia afirma que a busca de desaparecidos é uma obrigação do Estado, responsável, na ditadura, pelo sumiço dos corpos e por ter criado a Vala de Perus, onde foram deixadas as mais de mil ossadas, localizadas em São Paulo.

“É um dever do Brasil gastar dinheiro com isso, sim. Precisava porque o débito do Estado com essas famílias é imenso. O Brasil está condenado em Corte internacional por essa omissão” – disse Eugênia.

Marco Vinícius Carvalho havia afirmado  que o país já “empregou muito dinheiro em busca de ossadas de desaparecidos políticos” e que esse recurso poderia ser empregado em saúde e educação. Apontou que das 1.047 ossadas em Perus, apenas duas foram identificadas.

Para ele, esses exames de DNA, feitos no exterior, poderiam ter sido feitos aqui no Brasil. O custo foi de US$ 500 mil, cerca de R$ 2 milhões.

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Eugênia Gonzaga rebateu também esses argumentos e disse que o dinheiro usado para o trabalho de identificação é todo oriundo de emendas parlamentares.

“Essas informações estão completamente erradas. Esse dinheiro não foi de orçamento, mas de emenda parlamentar. Tudo que a comissão fez foi graças a essas emendas.

Sobre entregar esses exames à Polícia Federal em vez de fazer no exterior, a procuradora disse que “aí sim, estaria tirando recurso de outro tipo de gasto do orçamento”. E disse também que isso foi analisado mas que os órgãos brasileiros não teriam condições de acumular mais esse trabalho.

“Não tem como um órgão de perícia do governo analisar 1.047 ossadas sem prejudicar seu trabalho do dia a dia. É muito complexo. Chegamos a analisar, mas os próprios órgãos que trabalham com DNA, grandes especialistas, acharam melhor não. O Brasil tem expertise, mas não tem como direcionar toda energia para essa missão”.

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