Por Alcolumbre, Lula se oferece até para passar a boiada no Ibama
Impopular e fragilizado politicamente, petista submete ambientalistas a uma constrangedora pressão por petróleo a poucos meses da "COP da Floresta"

O presidente Lula concedeu uma entrevista, nesta quarta, para uma rádio do Amapá, terra do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre.
Preocupado em agradar seu novo aliado, o petista assumiu um discurso que lembrou os tempos mais ativos de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Foi quando defendeu a exploração de petróleo na margem equatorial — uma das bandeiras de Alcolumbre –, prometendo “acabar com a lenga-lenga” do Ibama, um órgão que, em sua visão, “parece que trabalha contra o governo”.
Só faltou a Lula dizer que passaria a boiada no Ibama. O petista não disse, mas seus auxiliares correram para avisar: o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, está com os dias contados no cargo. Já há até um petista apontado como substituto: o demissionário ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo.
Lula voltou ao Planalto prometendo fortalecer a área ambiental do governo, diante do desmonte promovido pelo bolsonarismo na gestão passada. Em seu terceiro ano de mandato, o petista se vê impopular e com poucos amigos no Parlamento.
Precisando de governabilidade e de aliados para a reeleição, Lula não se furta a constrangimentos, como defender a exploração de petróleo na Amazônia a poucos meses da “COP da Floresta”, em Belém.
“A área ambiental é hoje um foco de constrangimento para esse governo. É uma crise esperando para explodir. E vai acontecer no dia em que a ministra Marina cansar do teatro palaciano e pedir demissão”, diz um interlocutor do Ministério do Meio Ambiente.