Plano de assassinato contra Lula, Alckmin e Moraes fala em envenenamento
PF prendeu nesta terça cinco militares investigados por participação na ação criminosa
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou o sigilo, há pouco, da investigação da Polícia Federal que resultou, nesta terça, na prisão de cinco militares da ativa e da reserva do Exército.
Eles são investigados por atuarem num suposto plano de golpe de Estado que incluiria os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e do próprio ministro do Supremo.
A dinâmica da ação criminosa foi registrada num documento obtido pela PF com um dos investigados. Batizado de “Plano Punhal Verde Amarelo”, a operação foi elaborada pelo general Mário Fernandes, com características terroristas, que visava sequestrar ou assassinar Moraes, Lula e Alckmin.
O plano foi encontrado pela Polícia Federal em um HD externo pertencente a Fernandes durante a Operação Tempus Veritatis. O documento tinha uma espécie de roteiro em tópicos sobre as ações.
No trecho que trata de “Demandas de Reconhecimento Operacional”, o plano cita a necessidade de realizar um reconhecimento detalhado do aparato de segurança do ministro Alexandre de Moraes, incluindo equipamentos, armamentos, veículos blindados, itinerários e horários. Esse reconhecimento deveria se concentrar nas regiões do Distrito Federal e de São Paulo, locais frequentados pelo ministro, destaca a PF.
O roteiro também cita “Preparação e Condução da Ação”. Nesse ponto, o documento lista os recursos necessários para a execução do plano, incluindo seis telefones celulares descartáveis com chips descartáveis, que seriam usados para comunicação durante a operação. Essa estrutura de comunicação, com chips habilitados em nome de terceiros, foi a mesma utilizada em outra ação, batizada de “Operação Copa 2022”, que visava prender ou executar o ministro Moraes.
Há ainda um tópico sobre “Armamentos e Munição”, que seriam usados no plano. O documento cita pistolas Glock, fuzis HK416 e até mesmo um lança-rojão AT4, armamento antitanque de alta letalidade. A menção a armas de alto poder destrutivo reforça o caráter terrorista do plano, segundo a PF.
O documento também fala do “Efetivo e Análise de Riscos”, indicando a necessidade de seis pessoas para executar a ação em Brasília e menciona a possibilidade de “baixas aceitáveis”. Essa análise demonstra, na visão da PF, a frieza dos envolvidos, que consideravam a morte de civis e até mesmo de militares como um risco aceitável.
Em outro trecho, o documento cita “Neutralização do ‘Centro de Gravidade'”. Para os investigadores, Moraes seria o “centro de gravidade”. O documento descreve as dificuldades encontradas no reconhecimento de seu comboio e protocolos de segurança. A investigação conclui que o termo “neutralizar” significava, nesse contexto, assassinar o ministro.
A “Eliminação da Chapa Presidencial” tem um parágrafo próprio e fala em assassinar o presidente eleito Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, usando codinomes como “JECA” e “JOCA”, de modo a “extinguir a chapa vencedora” do pleito de 2022.
A Polícia Federal diz que o “Plano Punhal Verde Amarelo” era um plano estratégico para um golpe de Estado, visando anular as eleições de 2022 e manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder. A impressão do plano num dos gabinetes do Palácio do Planalto sugere que ele pode ter tido a anuência de outras figuras dentro do governo, segundo a PF.
É importante ressaltar que o “Plano Punhal Verde Amarelo” nunca foi executado. As investigações da Polícia Federal levaram à prisão preventiva de Mário Fernandes e outros envolvidos, impedindo a concretização do plano.