PF aponta possível crime de corrupção de menores por Bolsonaro e Michelle
Delegado diz que ex-presidente e ex-primeira-dama sabiam que dados de vacinação usados por Laura Bolsonaro para viajar aos EUA seriam falsos

Na representação que deu origem à Operação Venire, o delegado Fábio Alvarez Schor, da Polícia Federal, aponta para a possibilidade de Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle terem cometido o crime de corrupção de menores ao, supostamente, terem agido para que sua filha Laura Bolsonaro, de 12 anos, usasse dados falsos de vacinação para poder viajar aos Estados Unidos.
“Obviamente, JAIR MESSIAS BOLSONARO e MICHELLE FIRMO BOLSONARO têm plena ciência de que os dados de vacinação em nome de sua filha menor de idade são ideologicamente falsos. Ainda assim, o certificado digital de vacinação contra a Covid-19 foi emitido no dia 27/12/2022, em língua inglesa, na véspera da viagem da adolescente para os Estados Unidos da América”, escreveu o delegado na representação ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O Estatuto da Criança e do Adolescente classifica como crime “corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la”. A pena varia de um a quatro anos de prisão.
O delegado da PF afirma que “a contextualização dos dados apresentados, considerando as manifestações públicas do ex-presidente da República JAIR BOLSONARO de que não vacinaria sua filha, LAURA FIRMO BOLSONARO, contra a Covid-19, demonstra fortes indícios de que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para a adolescente, por determinação de seus pais”.
Depois de serem alvo de busca e apreensão nesta quarta, tanto Jair quanto Michelle Bolsonaro disseram que Laura não foi vacinada contra a Covid-19.
Segundo a investigação da PF, o usuário em nome da filha do casal Bolsonaro emitiu um certificado de vacinação contra a doença em 27 de dezembro de 2022, às 14h09.
Menos de 24 horas depois, às 9h50 de 28 de dezembro de 2022, Laura decolou em um voo da Gol rumo a Miami, na Flórida (EUA), perto de Orlando, onde o agora ex-presidente passou a virada do ano.
Os Estados Unidos exigem que viajantes apresentem esquema de vacinação contra a Covid atualizado para entrar no país. A filha de Bolsonaro retornou ao Brasil em 26 de janeiro de 2023.
Assim como no caso do ex-presidente, o delegado Fábio Schor afirma que os dados supostamente falsos de Laura foram inseridos no SUS pelo então secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, em 21 de dezembro de 2022, e, posteriormente, apagados do sistema do Ministério da Saúde por uma servidora do órgão da Baixada Fluminense.