O que fez Henrique Meirelles voltar para os braços de Lula
O ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer declarou apoio ao petista em evento nesta segunda
Presidente do Banco Central nos dois mandatos de Lula, entre 2003 e 2010, e ministro da Fazenda do governo de Michel Temer, entre 2016 e 2018, quando se candidato ao Palácio do Planalto pelo MDB, Henrique Meirelles foi um dos oito ex-presidenciáveis que declarou apoio ao petista em reunião com o ex-presidente nesta segunda. Em uma fala detalhada sobre “os fatos” dos governos Lula, Meirelles explicou o que o levou até ali.
“Eu, na minha vida, pessoal e profissional, sempre me baseei em fatos. Eu acho as opiniões muito importantes, eu acho a política fundamental, porque define a vida, em última análise, de todos nós, agora eu quero aqui me ater a fatos específicos. E fatos que mostram a comparação brutal, importante”, declarou o ex-secretário estadual da Fazenda e Planejamento do governo João Doria (PSDB), cargo que deixou em abril deste ano.
Meirelles lembrou que serviu por oito anos no Banco Central a convite de Lula e disse que, nesse período, mais de 10 milhões de empregos foram criados no Brasil. “Isso é um fato. Isso não é questionável. Cerca de 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza. Isto mudou a vida do país, mudou o país, eu diria, por um longo tempo. Tivemos um crescimento médio de 4% durante esse período”, complementou.
Ele então passou a comparar os crescimentos econômicos sob Lula e sob Bolsonaro, ressaltando que agora está havendo uma “injeção eleitoreira” de dinheiro, de recursos da economia, “que vai criar um problema grande para ser resolvido à frente”. Quase que se colocando à disposição, ele acrescentou que é possível de resolver, “é viável, será resolvido, mas é uma coisa que vai dar trabalho”.
“E tudo isso faz com que a previsão de crescimento do Brasil seja 2 e pouco esse ano e 0,5% no ano que vem. Quer dizer, esta é a herança que está sendo deixada. Durante aquele período, além de um crescimento forte, 4% de crescimento em oito anos é uma coisa relevante, no último ano foi mais de 7%, no ano de 2010, inflação na meta”, afirmou o economista, criador do teto de gastos tão criticado por Lula.
O ex-ministro destacou ainda a inflação média de 4,50%, dentro da meta, entre 2005 e 2010, e disse que, a longo prazo, é isso que maximiza emprego. “E nós estamos vendo aí os efeitos desse descontrole inflacionário e fiscal atual, efeito que corrói o salário das pessoas, corrói o auxílio, corrói todo o padrão de vida da população”, comentou.
Ele também mencionou as reservas internacionais, abastecidas nos governos Lula em quase 300 bilhões de dólares, e a dívida bilionária com FMI sanada sob a gestão do petista. E lembrou que o Brasil enfrentou com sucesso a crise econômica mundial de 2008, com a menor e mais curta recessão no mundo.
“Portanto, isto é um resumo dos fatos. Isto é, na minha opinião, o que interessa: é emprego, é renda, padrão de vida da população, e mostrar quem faz, quem realiza, essa história de só falatório pode impressionar muita gente, mas eu acredito em fatos, presidente. Eu olho e vejo resultados do seu governo. Isso nos faz estar aqui. E, portanto, vamos em frente. Estou aqui com tranquilidade, com confiança, porque eu sei o que funciona e o que pode funcionar no Brasil”, concluiu.