O encontro do presidente português com Lula — e o café frio de Bolsonaro
Presidente de Portugal viria ao Brasil para encontrar Lula, não o chefe do Planalto e não fez questão de esconder isso
Restam menos de seis meses para o fim do mandato de Jair Bolsonaro. Nessa fase, costuma-se dizer que o inquilino do Planalto sem muita chance de reeleição já começa a sentir o café esfriar.
Bolsonaro ainda tem muitos instrumentos da máquina do Planalto para tentar virar o jogo contra Lula? Tem. Mas o fato de o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, vir ao Brasil e encontrar primeiro o petista, para só depois almoçar com Bolsonaro é sinal clássico de que a expectativa de poder já não mora apenas em Brasília.
Na política, o que decide alianças eleitorais é justamente isso: expectativa de poder. Quem tem, costuma ouvir o telefone tocar com mais frequência. Quem não tem… Ao responder sobre o deselegante ato de Bolsonaro, de convidar para um almoço e depois desconvidar, o presidente português mostrou um lado ainda mais duro ao bolsonarismo. Ele viria ao Brasil de todo jeito. Encontraria Lula de todo jeito. Encontraria Michel Temer também. Bolsonaro não estava na agenda inicial. O presidente português não fazia lá muita questão, tanto que saiu-se com essa ao falar do episódio.
“Sabendo desta viagem, o presidente insistiu muito para convidar para ir a Brasília… (O almoço) não constava sequer do primeiro programa da visita (ao Brasil)… É possível o almoço? Muito bem. Não é possível? Ninguém morre”, disse Rebelo.