Um retrato inédito sobre a vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018
Livro explora números dos candidatos no Twitter e no Facebook durante a campanha de 2018

A singular campanha de 2018 ainda é objeto de estudo e análise, especialmente, por especialistas no fenômeno Jair Bolsonaro nas redes sociais.
O professor Francisco Brandão, do Laboratório de Governo Eletrônico e Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB), se dedica ao tema desde as eleições.
Agora, prepara uma publicação para o exterior um livro sobre os segredos que elegeram o atual presidente. O título da publicação será “Democracia ao vivo: como as redes sociais e vídeos caseiros ajudaram a eleger um presidente populista no Brasil”
Um exemplo dos dados compilados por Brandão: as lives de Bolsonaro no Facebook foram as que mais mobilizaram eleitores nesse espaço, com mais visualizações e interações. No Twitter, as lives estimularam maior volume de posts e mais sentimentos positivos entre seus apoiadores.
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No total, os três principais candidatos totalizaram 33 milhões de tweets desde 1º de setembro até 31 de outubro, período da campanha eleitoral.
Bolsonaro supera com folga o desempenho dos opositores: desse total, foram quase 22 milhões de tweets do vencedor da eleição, contra 9 milhões de Fernando Haddad, do PT (segundo colocado) e contra 2 milhões de Ciro Gomes, do PDT, terceiro lugar.
A campanha foi influenciada por alguns eventos e pelas lives de Bolsonaro, veja no gráfico.
“Estou tentando explicar para o público de fora como Bolsonaro conseguiu se eleger sem estrutura partidária, sem caixa de campanha e sem tempo na televisão. A explicação é que ele estruturou sua campanha a partir dos protestos do impeachment, usando as redes personalizadas das mídias sociais, especialmente o Facebook”, explica Brandão.
Ele considera que o movimento do afastamento de Dilma rousseff também forneceu o enquadramento que Bolsonaro precisava, o de candidato contra corrupção.
“Também foi ajudado pelas mudanças na legislação pós-Lava Jato que limitaram os gastos de campanha e reduziram o tempo de televisão. Mesmo o atentado contra Bolsonaro e a polarização política deram maior atenção do público e da mídia para sua campanha, enquanto o candidato evitou debates e limitou sua campanha a entrevistas exclusivas e lives no Facebook”.
